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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Se der a gente brinca: crenças <strong>da</strong>s professoras sobre ludici<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>des lúdicas<br />

tem com as brincadeiras e jogos para transmitir<br />

o conteúdo. É nesse mesmo sentido que ela se<br />

posiciona ao ser interroga<strong>da</strong> se as brincadeiras<br />

devem estar presentes na escola:<br />

70<br />

Eu acho que tem que fazer parte sim, brincadeira<br />

que sirva para transmitir conteúdos. Para<br />

os pequeninos eu acho que as brincadeiras também<br />

tem que servir para o lazer, para o prazer<br />

deles, além do conteúdo, o prazer também. Até<br />

porque pros pequeninos, você brinca de cor<strong>da</strong>,<br />

de amarelinha, pois aju<strong>da</strong> na coordenação deles:<br />

de correr, de brincar, de pular no chão.<br />

Mas pros meus alunos que são de dez a quatorze<br />

anos, eu acho que o mais importante do lúdico,<br />

é na hora do conteúdo, pra tornar a aula<br />

mais interessa pra eles e pra ver se eles se voltam<br />

mais pra aula. Seria, né, no caso. Com os<br />

meus alunos eu acho que o lúdico tem que está<br />

ligado ao conteúdo. É está buscando forma de<br />

trabalhar o conteúdo de forma lúdica: fazer<br />

bingo, jogos em equipe pra quem consegue primeiro<br />

ou mais.<br />

A professora esclareceu, durante a entrevista<br />

que, ao se referir aos “pequeninhos”, ela<br />

está falando <strong>da</strong>s crianças do pré-escolar, de, no<br />

máximo, seis anos. Assim como D. Mariazinha,<br />

Cândi<strong>da</strong> também tem a crença de que as<br />

brincadeiras devem fazer parte do trabalho com<br />

as crianças na <strong>Educação</strong> Infantil, sendo que,<br />

para essa, é mais forte a necessi<strong>da</strong>de de associação<br />

dos jogos à transmissão de conteúdo.<br />

Do mesmo modo, constato na atitude <strong>da</strong><br />

Professora Teresinha aspectos semelhantes à<br />

Cândi<strong>da</strong> ao destacar, veementemente, que os<br />

conteúdos são o foco principal do trabalho do<br />

professor.<br />

Porque o professor tem que cumprir o conteúdo.<br />

A gente sabe disso. Que não pode deixar<br />

passar na<strong>da</strong>. Você tem um programa para ser<br />

cumprido e você tem que fazer, porque isso aí é<br />

uma coisa extra, porque as brincadeiras e os<br />

jogos não estão dentro do conteúdo, é você que<br />

coloca. Então eu procuro colocar no espaço<br />

<strong>da</strong> aula normal, para poder <strong>da</strong>r.<br />

Essa crença, além de dificultar a vivência<br />

<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des lúdicas mais espontâneas na escola,<br />

em especial na sala de aula, compreende<br />

como educativo somente o que objetivar a transmissão<br />

ou reforço de conteúdos formais. As-<br />

sim, os jogos educativos, ao serem utilizados por<br />

algumas professoras, a partir do ponto de vista<br />

delas, perdem seu caráter mais amplo, tais como<br />

os aspectos corporais, a imaginação, a estética,<br />

a sensibili<strong>da</strong>de, dentre outros.<br />

Com essa observação, percebo que a forma<br />

como os jogos são utilizados nas escolas se caracteriza,<br />

muitas vezes, como exercício pe<strong>da</strong>gógico<br />

do que como ativi<strong>da</strong>de que trazem em si os<br />

princípios <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de. Essa atitude diante dos<br />

jogos justifica a falta de interesse, de muitos estu<strong>da</strong>ntes,<br />

pelos jogos propostos em sala de aula.<br />

Os jogos educativos são, muitas vezes, ativi<strong>da</strong>des<br />

obrigatórias a serem realiza<strong>da</strong>s pelos alunos,<br />

mesmo quando não há uma motivação interna,<br />

inclusive é comum a utilização de reforços (punições<br />

e/ou prêmios), de forma a estimular nas<br />

crianças a conclusão <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des.<br />

2.5 Está sendo a escola um espaço<br />

para a vivência lúdica? Relacionando<br />

as crenças e as teorias<br />

sobre ludici<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>des<br />

lúdicas.<br />

Nesse último módulo objetivo analisar as<br />

crenças <strong>da</strong>s professoras sobre ludici<strong>da</strong>de e<br />

ativi<strong>da</strong>des lúdicas, avaliando a importância desses<br />

elementos para o trabalho educativo. É importante<br />

registrar o fato de que esse módulo<br />

acrescenta basicamente duas crenças sobre<br />

essa temática e sua relação com a educação.<br />

São elas:<br />

- Brincadeira é coisa de criança!<br />

- A competição é estimulante no processo<br />

educativo!<br />

Por intermédio desta primeira crença, esclareço<br />

que a vivência lúdica não tem valor<br />

somente para as crianças, mas para as pessoas<br />

em qualquer i<strong>da</strong>de e a sua contribuição para<br />

nós, adultos-educadores, é enorme. Um trabalho<br />

que demonstra a importância <strong>da</strong> vivência<br />

lúdica pelo adulto é realizado por Airton<br />

Negrini (1998), em seu livro intitulado Terapias<br />

corporais: a formação pessoal do adulto.<br />

Nesse livro, o autor indica que a ludici<strong>da</strong>de<br />

não pode ser reserva<strong>da</strong> somente à criança e<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 55-77, jan./jun., 2006

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