Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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Na Semana do Meio Ambiente, to<strong>da</strong>s as disciplinas<br />
trabalhavam com a exploração do tema<br />
gerador, meio ambiente. No caso do Teatro o<br />
tema gerador era condutor <strong>da</strong>s improvisações.<br />
A construção cênica sobre o meio ambiente,<br />
elabora<strong>da</strong> para o ato público trazia em sua indumentária<br />
elementos exagerados e bastantes<br />
coloridos, lembrando um pouco a estética do<br />
Teatro de Rua 8 . Durante o ato público, nossa<br />
construção cênica era apresenta<strong>da</strong> uma vez na<br />
Brilho do Cristal e outra vez no Coreto, no centro<br />
do Vale do Capão.<br />
O tema tornou-se realmente instigador de<br />
curiosi<strong>da</strong>des e de processos criativos; e como<br />
Tudo no Brilho vira Teatro quem não estava<br />
em cena, no esquete, procurava uma roupa ou<br />
uma fantasia interessante para compor o personagem<br />
que ia para a passeata. As conversas<br />
entre as crianças giravam em torno <strong>da</strong> pergunta:<br />
você vai como para a passeata? Eu vou de<br />
folha, eu vou de girassol, eu vou ser uma<br />
árvore, eu vou de palhaço, eu vou de borboleta,<br />
eu vou de ma<strong>da</strong>me, eu vou de corcun<strong>da</strong>,<br />
eu vou de fa<strong>da</strong>, eu vou de bruxa e<br />
eu de macaco...<br />
No quartinho do Teatro, espaço onde guar<strong>da</strong>mos<br />
as indumentárias e os adereços teatrais,<br />
a confusão era grande, entre as fantasias e roupas<br />
exóticas os batons e os espelhos se perdiam,<br />
enquanto uns passavam pasta d’ água no<br />
rosto do colega. As meninas olhavam com cobiça<br />
para o acervo de sapatos de bico e salto<br />
fino. Naquele momento elas percebiam que era<br />
hora de realizar o desejo de an<strong>da</strong>r de salto alto,<br />
mesmo que o sapato fosse bem maior que o pé.<br />
Assim elas iam experimentando suas idéias,<br />
opinando sobre a roupa do colega, aju<strong>da</strong>ndo uns<br />
aos outros, mergulhados no processo criativo.<br />
No dia <strong>da</strong> passeata tudo estava pronto: As<br />
poesias viraram placas, as latas de leite com<br />
pedrinhas dentro viraram instrumentos musicais.<br />
Os personagens <strong>da</strong> passeata brilhando de purpurina<br />
com as placas para o alto, pela Rua do<br />
Vale do Capão, cantavam e gritavam as palavras<br />
de ordem: Tire o sabão do rio queremos<br />
água limpa. An<strong>da</strong>r faz bem ao coração e não<br />
polui o Capão. No caminho, além de cantar e<br />
gritar as palavras de ordem, pregávamos as pla-<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 99-115, jan./jun., 2006<br />
Rilmar Lopes <strong>da</strong> Silva<br />
cas com poesias ecológicas, brincávamos com<br />
os moradores que encontrávamos nas janelas,<br />
com os motoristas que passavam de carro, no<br />
meio do caminho, no Largo dos Brancos, parávamos<br />
e em ro<strong>da</strong>, junto com os moradores, cantávamos.<br />
Chegando ao centro, no coreto,<br />
fizemos apresentação de poesias e Teatro para<br />
os moradores. Após o lanche, voltamos para a<br />
Escola cantando e brincando.<br />
A experiência com o Ato Público deu certo.<br />
No Carnaval não resistimos e botamos o Bloco<br />
do Brilho na rua; muitos outros atos públicos<br />
foram realizados. O ato público se consolidou<br />
como uma prática pe<strong>da</strong>gógica do Brilho do Cristal.<br />
E até hoje não abrimos mão desse diálogo,<br />
tão prazeroso, com a comuni<strong>da</strong>de.<br />
- Do Surgimento <strong>da</strong> Terra aos Tempos<br />
de Hoje<br />
Em 1994 o Teatro já fazia parte do imaginário<br />
<strong>da</strong>s crianças <strong>da</strong> Brilho do Cristal. Assim<br />
durante uma pesquisa sobre a origem <strong>da</strong> Terra,<br />
a partir <strong>da</strong> teoria do Big-Bang, na sala <strong>da</strong> multisseria<strong>da</strong><br />
de 3ª e 4ª série , uma <strong>da</strong>s crianças<br />
sugeriu fazer a encenação <strong>da</strong> origem <strong>da</strong> Terra<br />
e sua evolução até os tempos de hoje. A construção<br />
cênica foi um processo de intensa criativi<strong>da</strong>de,<br />
que durou uma uni<strong>da</strong>de - dois meses.<br />
Essa ativi<strong>da</strong>de teve participação ativa de todos<br />
<strong>da</strong> turma, desde: brincadeiras corporais, escolha<br />
de jogos, pesquisa do tema, elaboração de<br />
roteiro, construção de personagens, confecção<br />
de indumentária, construção do cenário, a escrita<br />
do texto até a apresentação. Lembro de<br />
um diálogo criativo no processo de construção<br />
cênica que era mais ou menos assim:<br />
– Como vamos fazer a poeira cósmica?<br />
– Com um pano fino.<br />
– Já sei! Com filó.<br />
– Tem um monte de pe<strong>da</strong>ços de filó na casinha<br />
do Teatro<br />
– Podemos pintar os filós de azul claro.<br />
8 O teatro de rua traz em sua estética visual as cores fortes,<br />
adereços exagerados, placas informativas além <strong>da</strong> forte presença<br />
<strong>da</strong> linguagem corporal a partir <strong>da</strong> ampliação gestual.<br />
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