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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Século XXI: o jogo necessário para o aprendizado e para o mundo do trabalho<br />

Introdução<br />

44<br />

the “world of work” implemented by the “Industrial Revolution”, that will be<br />

the object of these reflections, whose characteristics survive in our <strong>da</strong>ys and,<br />

as result of this dialogue with the educational sciences, we present one possible<br />

paradigm of study, work and “free time” which take place as result of the new<br />

and actual technologies of information. Finally, we consider “creativity” as a<br />

guide for Educational Sciences in this new millennium.<br />

Keywords: Creativity – “Free time” – Educational Sciences – Game<br />

Não é do trabalho que nasce a civilização:<br />

ela nasce é do tempo livre e do jogo.<br />

(Alexandre Koyré)<br />

Este artigo 1 tem como principal objetivo<br />

apontar algumas <strong>da</strong>s características necessárias<br />

para a constituição de uma Pe<strong>da</strong>gogia para<br />

Século XXI, cujo fio condutor é, do nosso ponto<br />

vista, a criativi<strong>da</strong>de.<br />

Freud (final do século XIX), ao inaugurar a<br />

Psicanálise, foi o primeiro pensador a chamar a<br />

nossa atenção a respeito <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> criação<br />

do poeta, do escritor, dentre outros artistas<br />

que sabem, por meio <strong>da</strong> técnica, expor as<br />

fantasias, os anseios, os desejos, os devaneios<br />

comuns a uma varie<strong>da</strong>de de homens e mulheres<br />

– que, por sua vez, não sabem, não podem<br />

ou não querem expressá-los – sem nos causar<br />

repulsa enquanto leitores ou ouvintes, pelo contrário,<br />

causando-nos admiração.<br />

O escritor, por meio <strong>da</strong> sua criativi<strong>da</strong>de, suaviza<br />

o caráter dos nossos pensamentos e devaneios<br />

egoístas por meio de alterações,<br />

disfarces, figuras de linguagem, estética e nos<br />

subordina ao texto que nos oferece, na forma<br />

de belo, as suas e as nossas fantasias e desejos<br />

secretos. Por meio <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> obra de<br />

arte, neste caso, literária, temos a possibili<strong>da</strong>de<br />

de liberar nosso interior – constituído pelas<br />

nossas mais profun<strong>da</strong>s fontes psíquicas – por<br />

meio <strong>da</strong>s palavras do poeta, do romancista, do<br />

escritor. Ou seja, usufruímos o bom livro, <strong>da</strong><br />

poesia, por exemplo, pois estes são meios de<br />

obtenção do prazer e ain<strong>da</strong> porque por meio<br />

destes instrumentos existe a possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

libertação <strong>da</strong>s tensões <strong>da</strong>s nossas mentes por<br />

meio <strong>da</strong> palavra do “outro” que, na ver<strong>da</strong>de, é<br />

também a nossa palavra.<br />

Tal situação torna-se ain<strong>da</strong> mais interessante,<br />

de acordo com Freud (1920, 1929) e outros<br />

estudiosos, já que aceitamos por meio <strong>da</strong>s obras<br />

de arte, com menos auto-acusações, vergonhas<br />

e culpas, a nossa própria reali<strong>da</strong>de interior.<br />

Neste sentido, há que se considerar que não<br />

é apenas a pessoa que tem domínio <strong>da</strong>s técnicas<br />

<strong>da</strong> escrita literária – a alfabetiza<strong>da</strong>, a letra<strong>da</strong>,<br />

a culta – que sente a necessi<strong>da</strong>de de<br />

expressar seus sonhos e devaneios. Tal necessi<strong>da</strong>de,<br />

chamamos a atenção dos leitores, é humana<br />

e é ela que possibilita a realização cultural<br />

<strong>da</strong> espécie e, em última instância, a manutenção<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />

Ao recorrermos às obras de Winnicott (2001,<br />

1994, 1990, 1988), sabemos que já no bebê a<br />

necessi<strong>da</strong>de de criar se manifesta com to<strong>da</strong> a<br />

sua força. E, por isto, o estudo de alguns conceitos<br />

deste psicanalista – “espaço de criação”<br />

ou “espaço potencial” ou “espaço transicional”,<br />

“objetos e fenômenos transicionais” – mostramse<br />

promissores para a compreensão <strong>da</strong>s relações<br />

educacionais, sobretudo, conforme<br />

apontaremos, nos dias de hoje.<br />

Assim, na tentativa de compreender a criativi<strong>da</strong>de<br />

no adulto, recorremos ao estudo <strong>da</strong><br />

manifestação criativa no bebê que, para diminuir<br />

a angústia gera<strong>da</strong> pela ausência materna,<br />

cria e, neste processo/ resultado, acalma-se.<br />

Vejamos, agora, mais atentamente, o que nos<br />

diz o referido psicanalista inglês.<br />

1 O trabalho de investigação apresentado neste artigo, realizado<br />

no âmbito do grupo de pesquisa, ensino e extensão<br />

“Acolhendo Alunos em Situação de Exclusão Social e Escolar:<br />

o papel <strong>da</strong> instituição escolar” conta com o apoio do<br />

CNPq e <strong>da</strong> FAPESP.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 43-53, jan./jun., 2006

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