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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Se der a gente brinca: crenças <strong>da</strong>s professoras sobre ludici<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>des lúdicas<br />

A escolha por focalizar esse trabalho nos<br />

professores deu-se porque considero – mesmo<br />

sabendo <strong>da</strong> influência dos pais, <strong>da</strong> direção e <strong>da</strong><br />

coordenação <strong>da</strong> escola – que eles são os principais<br />

responsáveis pela presença <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />

lúdicas nessa instituição. Além do mais,<br />

como acentua Miguel Arroyo (2000), “olhar os<br />

mestres é o melhor caminho para entender a<br />

escola e o movimento de renovação pe<strong>da</strong>gógica.”<br />

(p. 12). É esse mesmo autor a afirmar que<br />

os/as professores/as são mantidos em segundo<br />

plano, como apêndices, um recurso nas pesquisas<br />

e propostas educacionais, esquecendo que<br />

são eles os responsáveis diretos por qualquer<br />

transformação na escola. Portanto, quando me<br />

refiro a professor e não educador é, justamente,<br />

para ficar mais bem delimitado o sujeito desta<br />

pesquisa, relacionando-o ao local de trabalho,<br />

como profissão.<br />

Já sobre o “brincar” infantil, tenho a clareza<br />

de que a responsabili<strong>da</strong>de em relação a sua vivência<br />

não se restringe ao professor nem à escola,<br />

mas acredito na importância desse espaço<br />

como uma possibili<strong>da</strong>de de vivenciar experiências<br />

enriquecedoras que a família, a rua, o trabalho<br />

não têm mais condições de propiciar,<br />

principalmente nos grandes centros urbanos.<br />

Além do mais, a escola é o espaço primordial, na<br />

nossa socie<strong>da</strong>de, de formação cultural e, portanto,<br />

deve buscar trabalhar com os múltiplos saberes<br />

que circun<strong>da</strong>m o contexto <strong>da</strong> criança.<br />

O argumento principal que utilizo para a vivência<br />

lúdica na escola é embasado na medi<strong>da</strong><br />

em que cabe ao professor, e não só a ele, a<br />

tarefa de educar e o fenômeno lúdico é uma<br />

possibili<strong>da</strong>de de tornar esse processo educativo<br />

mais agradável e significativo. Com isso,<br />

atentar para a importância <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des lúdicas na escola, não é contribuir<br />

para sobrecarregar o professor – que de fato<br />

vem assumindo muitos papéis que algumas vezes<br />

lhe são alheios – mas buscar a consecução<br />

de uma educação mais prazerosa e uma compreensão<br />

<strong>da</strong> criança como ser indiviso.<br />

Feitas estas observações sobre a escolha do<br />

tema e do nível de ensino, considero necessário,<br />

também, justificar a escolha pelo estudo <strong>da</strong>s<br />

crenças. A necessi<strong>da</strong>de de aproximar <strong>da</strong>s ques-<br />

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tões mais arraiga<strong>da</strong>s dos/as professores/as foi<br />

percebi<strong>da</strong> por mim, quando observei que a ludici<strong>da</strong>de<br />

e as ativi<strong>da</strong>des lúdicas eram valoriza<strong>da</strong>s<br />

no discurso dos/as professores/as, quando,<br />

de fato, no seu fazer-pe<strong>da</strong>gógico, elas não se<br />

encontram presentes ou, quando utiliza<strong>da</strong>s na<br />

escola, perdem muito <strong>da</strong>s suas características.<br />

Essa mesma constatação é apresenta<strong>da</strong> por<br />

autores como Gisela Wajskop (2001) e Nelson<br />

Carvalho Marcellino (1990) dentre outros. Assim,<br />

constatei que, para que esses elementos,<br />

por mim considerados importantes na práxis<br />

pe<strong>da</strong>gógica ,pudessem estar presentes na escola<br />

e na sala de aula, aproximar-me do/a professor/a<br />

e <strong>da</strong>s suas crenças poderia ser um<br />

caminho ímpar no sentido de melhor poder analisar<br />

os porquês <strong>da</strong> inclusão/não inclusão <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de<br />

no processo educativo.<br />

Reconhecendo as crenças como uma <strong>da</strong>s<br />

formas de compreender o mundo, é importante<br />

conhecer, analisar e questioná-las, haja vista que<br />

as crenças interferem na consecução <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />

educacional, porque é a partir destas que<br />

os professores julgam, decidem; enfim, vivem<br />

a sua práxis pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Assim, para efeito deste ensaio e diante do<br />

referencial sobre crenças, entendo-as como<br />

formulações simbólicas que nos dão “certezas”<br />

subjetivas, pragmáticas, que aparecem, muitas<br />

vezes, de forma vela<strong>da</strong>, feitas inconscientemente,<br />

através de nossas experiências, <strong>da</strong> rotina de<br />

trabalho, <strong>da</strong> linguagem, dentre outras. As crenças<br />

determinam o pensamento e a ação do sujeito<br />

e servem como suporte em relação à reali<strong>da</strong>de,<br />

ou seja, nos dão segurança, tornando-se,<br />

muitas vezes, sóli<strong>da</strong>s e cristaliza<strong>da</strong>s, servindo,<br />

assim, de “chão firme”. Isto não quer dizer, no<br />

entanto, que não poderão ser modifica<strong>da</strong>s. Como<br />

formas de compreensão e ação no mundo, ela<br />

deve ser primeiramente detecta<strong>da</strong>, questiona<strong>da</strong><br />

quanto a sua vali<strong>da</strong>de, pois a partir dessas<br />

ações é que poderemos efetivamente sensibilizar<br />

o sujeito que crê, para, posteriormente, confrontá-lo<br />

com os conhecimentos elaborados por<br />

outras áreas, tais como a Filosofia, a Epistemologia,<br />

a Arte.<br />

Ain<strong>da</strong> em relação às crenças, opta-se por<br />

utilizar os vocábulos convicções e “certezas”<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 55-77, jan./jun., 2006

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