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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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As ativi<strong>da</strong>des lúdicas na alfabetização político-estética de jovens e adultos<br />

sam dialogar, discutir, opinar, brincar, com espaços<br />

para a dúvi<strong>da</strong>, os erros e para a criativi<strong>da</strong>de.<br />

Na alfabetização de jovens e adultos a<br />

ludici<strong>da</strong>de vivencia<strong>da</strong> no cotidiano de alguns<br />

estu<strong>da</strong>ntes que já participam destas experiências<br />

deve ser valoriza<strong>da</strong>, pois estas ações integram<br />

a dinâmica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e enriquecem a<br />

cultura que é reconstruí<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong> dia pelos sujeitos<br />

sociais.<br />

Mesmo com a exclusão dos estu<strong>da</strong>ntes nos<br />

meios sociais, conforme foi anunciado anteriormente<br />

no presente artigo, foram identificados,<br />

através <strong>da</strong> a pesquisa, educandos que<br />

trabalham com artesanato e corte e costura, que<br />

participam de clubes de mães, grupos de capoeira<br />

e associação de moradores, buscando uma<br />

participação ativa na socie<strong>da</strong>de, embora existam<br />

diversas dificul<strong>da</strong>des que, muitas vezes,<br />

impedem que esses sujeitos continuem a desenvolver<br />

este tipo de ativi<strong>da</strong>des. Muitos destes<br />

estu<strong>da</strong>ntes aproveitam o tempo livre, quando<br />

não estão executando ativi<strong>da</strong>des remunera<strong>da</strong>s,<br />

para o lúdico nas igrejas, como o canto-coral<br />

ou nas festas de finais de semana na comuni<strong>da</strong>de.<br />

No entanto, alguns estu<strong>da</strong>ntes advertem<br />

sobre a restrição do lúdico em seu cotidiano,<br />

conforme a citação abaixo:<br />

142<br />

Eu não tenho tempo pra me divertir. No sábado e<br />

domingo, eu fico em casa pra tomando conta<br />

dos meus netos, para minha filha ir trabalhar.<br />

Lavo, passo, cozinho e ain<strong>da</strong> costuro pra fora.<br />

Isso tudo no fim de semana. (Maria do Carmo,<br />

estu<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> educação de jovens e adultos).<br />

Neste sentido, é função <strong>da</strong> escola favorecer<br />

condições de estímulos para que ca<strong>da</strong> vez<br />

mais os estu<strong>da</strong>ntes possam participar desses<br />

espaços. A escola, quando inseri<strong>da</strong> neste universo<br />

cultural <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, incentiva a atuação<br />

desses sujeitos, valorizando a criação de<br />

espaços propícios para a manifestação de suas<br />

habili<strong>da</strong>des e de expressão de seus interesses,<br />

pensamentos e idéias, de forma que o conhecimento<br />

passe a ser trabalhado com vi<strong>da</strong>, na dinâmica<br />

cultural e isso possibilita o crescimento<br />

<strong>da</strong> alegria de aprender e de recriar novos olhares<br />

em relação ao mundo.<br />

Isto demonstra que a ludici<strong>da</strong>de se apresenta<br />

como estado interno do sujeito que pode ser<br />

compartilhado socialmente “de dentro para fora,<br />

de fora para dentro” (Walter Franco), enriquecendo<br />

a convivência comunitária dos aprendizes<br />

na alfabetização de jovens e adultos. A<br />

ludici<strong>da</strong>de é um estado de escolha livre e pessoal,<br />

que não pode ser imposta, para que não se<br />

perca o seu caráter essencialmente lúdico e<br />

criador.<br />

No entanto, no bojo desta discussão e diante<br />

<strong>da</strong>s experiências vivencia<strong>da</strong>s na alfabetização<br />

de jovens e adultos, pode-se afirmar que a<br />

ativi<strong>da</strong>de lúdica vivencia<strong>da</strong> por um adulto, que<br />

não tem acesso a este tipo de trabalho lúdico,<br />

apresenta desafios maiores do que para a criança<br />

que vivencia com mais freqüência e naturali<strong>da</strong>de<br />

o lúdico no seu convívio cotidiano. Tal<br />

desafio inicia a possibili<strong>da</strong>de do reconhecimento<br />

e <strong>da</strong> expressão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de individual de<br />

romper bloqueios estabelecidos na sua história<br />

de vi<strong>da</strong>. Isto implica na exploração <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des<br />

de jovens e adultos, possibilitando<br />

desencadear um processo de autoconhecimento<br />

e auto-estima por meio <strong>da</strong> percepção dos<br />

próprios limites e capaci<strong>da</strong>des.<br />

Evidentemente, ao propiciar o espaço de<br />

acolhimento do aprendiz, o educador consegue<br />

propiciar o desenvolvimento do autoconhecimento<br />

e auto-estima, mesmo com<br />

determina<strong>da</strong>s limitações. De acordo com Luckesi<br />

(2002), o acolhimento está relacionado<br />

à recepção do educando no estágio atual em<br />

que ele se encontra. Segundo o autor, é necessário<br />

aproximar-se do aluno, para que,<br />

após sentir-se acolhido, ele possa seguir novos<br />

caminhos a serem trilhados. Acolher é<br />

receber o outro <strong>da</strong> forma como ele é, sem<br />

julgá-lo. No entanto, é necessário criar um<br />

espaço seguro para que o educando realize o<br />

seu caminho de aprendizagem. O educador é<br />

responsável pela preparação e sustentação<br />

do ambiente e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des, buscando que<br />

o estu<strong>da</strong>nte efetue o movimento de apreensão<br />

dos conhecimentos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O educador<br />

é responsável por <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> ao espaço onde<br />

trabalha, tanto do ponto de vista físico, quanto<br />

psicológico. Neste ambiente educativo, o<br />

jovem e adulto precisam ter a certeza de que<br />

será acolhido, orientado e não julgado.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 133-146, jan./jun., 2006

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