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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Século XXI: o jogo necessário para o aprendizado e para o mundo do trabalho<br />

ativi<strong>da</strong>des escritas pelos alunos referentes a<br />

estes momentos são as melhores ativi<strong>da</strong>des produzi<strong>da</strong>s<br />

durante o curso. Acompanhamos, portanto,<br />

o re-visitar de muitos alunos de Pe<strong>da</strong>gogia<br />

às suas infâncias quando, por exemplo, relêem<br />

trabalhos produzidos no início <strong>da</strong>s suas vi<strong>da</strong>s<br />

escolares; observamos como os mesmo recorrem<br />

às suas lembranças enquanto alunos e refletem<br />

sobre seu papel como mães e ou filhas,<br />

dentre outras incursões mentais, produzindo<br />

material textual, em verso, em prosa ou dissertativo,<br />

esteticamente belos e teoricamente embasados<br />

nas leituras feitas durante o curso.<br />

É, portanto, nesta aparente ociosi<strong>da</strong>de que,<br />

Oxalá, conseguiremos acompanhar a socie<strong>da</strong>de<br />

do conhecimento e dela fazer parte como<br />

atores e construtores; não apenas, como consumidores.<br />

Ou ain<strong>da</strong>, nas palavras de Paulo<br />

Freire:<br />

52<br />

Seres programados para aprender e que necessitam<br />

do amanhã como o peixe <strong>da</strong> água, mulheres<br />

e homens se tornam seres roubados se<br />

se-lhes nega a condição de partícipes <strong>da</strong> produção<br />

do amanhã. Todo amanhã, porém, sobre que<br />

se pensa e para cuja realização se luta implica<br />

necessariamente o sonho e a utopia. (...) Não há<br />

amanhã sem projeto, sem sonho, sem utopia, sem<br />

esperança, sem o trabalho de criação e desenvolvimento<br />

de possibili<strong>da</strong>des que viabilizem a<br />

sua concretização. É neste sentido que tenho<br />

dito em diferentes ocasiões que somos esperançosas<br />

não por teimosia, mas por imperativo existencial.<br />

É aí também que radica o ímpeto com que<br />

luto contra todo fatalismo. Não faço ouvidos de<br />

REFERÊNCIAS<br />

mercador ao discurso fatalista de educadores que<br />

em face dos obstáculos atuais ligados à globalização<br />

<strong>da</strong> economia reduzem a educação à pura<br />

técnica e proclamam a morte dos sonhos, <strong>da</strong> utopia.<br />

Se já não há classes sociais, portanto seus<br />

conflitos, se já não há ideologias, direita, esquer<strong>da</strong>,<br />

se o desenvolvimento não tem na<strong>da</strong> que ver<br />

com a política, mas com a ética, a do mercado,<br />

malva<strong>da</strong> e mesquinha, se a globalização <strong>da</strong> economia<br />

encurtou o mundo, se o mundo ficou mais<br />

ou menos igual, cabe à educação o puro treino<br />

ou adestramento dos educandos. Recuso esse<br />

pragmatismo reacionário tanto quanto o discurso<br />

acomo<strong>da</strong>do que fala dos famintos brasileiros<br />

ou dos desempregados do mundo como uma<br />

fatali<strong>da</strong>de do fim do século. O meu discurso em<br />

favor do sonho, <strong>da</strong> utopia, <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> democracia<br />

é o discurso de quem recusa a acomo<strong>da</strong>ção<br />

e não deixa morrer em si o gosto de ser<br />

gente, que o fatalismo deteriora. (FREIRE, 2001,<br />

p. 85 e 86).<br />

Finalmente, ain<strong>da</strong> que de modo modesto, nos<br />

“espaços de criação” instalados e coordenados pelo<br />

Grupo Acolhendo na ci<strong>da</strong>de de São Paulo (consultar<br />

www.projetoacolhendo.ubbihp.com.br), professores<br />

e seus alunos podem conhecerem-se<br />

a si mesmos e, no caso específico de situações<br />

de stress, poderão perceber as modificações<br />

que podem promover para si próprios para que<br />

encontrem e criem instrumentos para minimizar<br />

o sofrimento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Em suma, temos procurado<br />

oportunizar o jogo entre estes<br />

profissionais e seus alunos no sentido que Einstein<br />

já nos alertou: Brincar é a mais eleva<strong>da</strong><br />

forma de pesquisa.<br />

DE MASI, Domenico. O ócio criativo: entrevista a Maria Serena Palieri. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.<br />

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. Edição Stan<strong>da</strong>rd Brasileira <strong>da</strong>s Obras Completas de Sigmund<br />

Freud, XXI, 1929.<br />

_____. Além do princípio do prazer. Edição Stan<strong>da</strong>rd Brasileira <strong>da</strong>s Obras Completas de Sigmund Freud,<br />

XVIII, 1920.<br />

FREIRE, Paulo. Pe<strong>da</strong>gogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Ed. UNESP, 2001.<br />

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento <strong>da</strong> cultura. São Paulo: Perspectiva, 1971.<br />

OSTROWER, F. Acaso e criação artística. São Paulo: Campus, 1990.<br />

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1987.<br />

WINNICOTT, D. Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes, 2002.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 43-53, jan./jun., 2006

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