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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Arte em movimento: a potenciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte na formação de educadores<br />

Para descrever as potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> arte<br />

na formação dos seus educadores e educadoras,<br />

acredito ser de fun<strong>da</strong>mental importância<br />

retomar três idéias centrais: primeira, a de que<br />

considerei o MIAC – Movimento de Intercâmbio<br />

Artístico Cultural pela Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia - como uma<br />

rede de mobilização sociocultural que, com seu<br />

modo de organização, é formativa, posto que<br />

“nos interroga, choca, sacode valores, concepções,<br />

culturas e estruturas” (ARROYO, 2000,<br />

p. 11); segun<strong>da</strong>, o conceito de formação de educadores<br />

como um fenômeno amplo, complexo<br />

e polissêmico que acontece, também, além do<br />

“chão <strong>da</strong> escola”; e a terceira, o sentido <strong>da</strong> arte<br />

como uma referência especial nesta formação.<br />

A amplitude do processo de formação dos<br />

docentes, entrementes, não está restrita ao espaço<br />

formal, ou seja, apesar <strong>da</strong> imposição <strong>da</strong><br />

“formação formal como o todo <strong>da</strong> formação”,<br />

outras possibili<strong>da</strong>des existem. Mesmo deixando<br />

claro o reconhecimento <strong>da</strong>s deman<strong>da</strong>s existentes<br />

para que esses níveis de formação sejam<br />

acessados pelos educadores, é importante identificar<br />

a existência de outros espaços de formação<br />

docente que estão para “fora do chão<br />

<strong>da</strong> escola”, ou mesmo, dentro do universo escolar,<br />

surgem por conta de circunstâncias que<br />

não estão previstas dentro do roteiro/regulamento<br />

instituído pela uni<strong>da</strong>de escolar.<br />

Para aqueles que já atuam como profissionais<br />

<strong>da</strong> docência, a continui<strong>da</strong>de do seu processo<br />

de formação, além de se constituir numa<br />

deman<strong>da</strong> que deve ser assumi<strong>da</strong> tanto pelo poder<br />

público, quanto pelo estabelecimento escolar,<br />

constituindo-se num direito e numa<br />

prerrogativa dos professores, pode (e deve) também<br />

ser pensa<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s imbricações que<br />

esses profissionais constroem nas diversas esferas<br />

<strong>da</strong> sua atuação profissional, política e/ou<br />

cultural.<br />

Nóvoa (2002) nos remete a um elemento<br />

importante sobre o problema apresentado para<br />

entender a “formação”. Todo o debate referente<br />

ao processo formativo esteve, por muito tempo,<br />

fun<strong>da</strong>mentado numa perspectiva de que a<br />

formação dos indivíduos estaria circunscrita a um<br />

espaço delimitado (a Escola) e a um período específico<br />

<strong>da</strong> formação (a infância). Tais limita-<br />

190<br />

ções só vão ser transpostas a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />

de 1960, quando alguns autores passam a reivindicar<br />

uma maior amplitude para o debate, trazendo<br />

à tona concepções como a de uma<br />

“<strong>Educação</strong> Permanente” (NÓVOA, 2002, apud<br />

JOSSO, p.08). Portanto, descrever e analisar<br />

sentidos educativos vivenciados por educadores<br />

dentro do espaço MIAC é uma oportuni<strong>da</strong>de de<br />

entender melhor a ‘pe<strong>da</strong>gogia’, muitas vezes<br />

anônima, dos movimentos sociais.<br />

Vale destacar, também, que os veios aqui<br />

destacados representam uma possibili<strong>da</strong>de, dentre<br />

muitas possíveis, de compreender o que os<br />

educadores/as percebem como fun<strong>da</strong>mental nos<br />

seus próprios processos de formação, tomando<br />

o espaço <strong>da</strong> rede MIAC e a arte como referências.<br />

Os veios destacados correspondem, em<br />

primeiro lugar, à formação identitária dos educadores<br />

e educadoras; em segundo lugar, à formação<br />

para a conscientização do direito a ter<br />

direito; e, terceiro e último, à formação para a<br />

atuação político-pe<strong>da</strong>gógica na escola e na comuni<strong>da</strong>de.<br />

4. Aprendizado de direitos<br />

Diante <strong>da</strong> plurali<strong>da</strong>de de direitos: saúde,<br />

moradia, terra, segurança, proteção, infância<br />

etc., o MIAC coloca a luta por educação de<br />

quali<strong>da</strong>de e a valorização <strong>da</strong>s diferentes culturas<br />

no campo dos direitos. Esta opção é destaca<strong>da</strong>,<br />

também, por seus participantes, por sua<br />

dimensão educativa para a formação de muitos<br />

educadores e educadoras que participaram ou<br />

participam do MIAC. É o que pontuam as narrativas:<br />

Tem também o que a gente chama dentro <strong>da</strong>s<br />

formações que são as discussões que enriquecem<br />

demais, né? Coisas que eu até não tinha me<br />

tocado, como no último trabalho nosso, e de repente<br />

aqui no MIAC eu vim ter um conhecimento<br />

de política, <strong>da</strong> questão econômica, e isso é<br />

coisa que a gente não se propõe a fazer um curso<br />

para aprender. E esses temas que vem sendo<br />

discutidos aqui enriquecem muito o conhecimento<br />

<strong>da</strong> gente e ca<strong>da</strong> vez que a gente aprende mais<br />

alguma coisa a gente revê a nossa prática, não<br />

só como profissional, mas como ci<strong>da</strong>dã. Às ve-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 185-200, jan./jun., 2006

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