Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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Herivelto Moreira; Guiomara Ribas; Elza Rumiko W. Soavinsky; Raimundo Fortes; Maria do Carmo Wiese; Ethel Fisher<br />
TINI et al., 1998; LÜDKE, 1996; 2001; PI-<br />
MENTA, 1996; 1999; SILVA, 1997; THERRI-<br />
EN, 1995, dentre outros) de redirecionar os<br />
estudos sobre a prática e os conhecimentos profissionais<br />
dos professores que até pouco tempo<br />
objetivava a capacitação destes, por intermédio<br />
<strong>da</strong> transmissão do conhecimento de uma<br />
maneira prescritiva, a fim de que aprendessem<br />
a atuar eficazmente na sala de aula, para uma<br />
abor<strong>da</strong>gem de analisar a prática que esse professor<br />
vem desenvolvendo, enfatizando a temática<br />
do conhecimento docente.<br />
Segundo Lüdke (2001), direta ou indiretamente<br />
esse tema tem sido tratado por autores<br />
conhecidos no Brasil, como Perrenoud, Antônio<br />
Nóvoa, Kenneth Zeichner e Donald Schön<br />
ain<strong>da</strong> que, acompanhando análises volta<strong>da</strong>s para<br />
outras questões específicas, como as competências<br />
ou a identi<strong>da</strong>de do professor (PERRE-<br />
NOUD, 1993; NÓVOA, 1992; 1995), o<br />
professor-reflexivo (SCHÖN, 1995) ou, ain<strong>da</strong>,<br />
a questão do professor-pesquisador (ZEICH-<br />
NER, 1993; 1998).<br />
Segundo Nunes (2001), os estudos sobre o<br />
conhecimento e a formação dos professores não<br />
são inéditos no Brasil, já que, de certa forma,<br />
vinham sendo desenvolvidos por meio <strong>da</strong> discussão<br />
de temas como a prática docente, o processo<br />
ensino-aprendizagem, a relação teoriaprática<br />
no cotidiano escolar, etc., num contexto<br />
diferenciado, onde a escola era ti<strong>da</strong> como local<br />
privilegiado para a transmissão do conhecimento<br />
pelo professor, que, supostamente, detinha<br />
todo o conhecimento a ser repassado ao aluno.<br />
Nunes (2001) apresenta uma análise de<br />
como e quando a questão dos saberes docentes<br />
aparece nas pesquisas brasileiras sobre formação<br />
de professores.<br />
Da valorização quase exclusiva do conhecimento<br />
(saberes específicos) que o professor tinha<br />
sobre a sua disciplina, característica <strong>da</strong><br />
déca<strong>da</strong> de 1960, passa-se, na déca<strong>da</strong> de 1970,<br />
à valorização dos aspectos didático-metodológicos<br />
relacionados às tecnologias de ensino,<br />
passando para um segundo plano o domínio dos<br />
conteúdos. Nos anos de 1980, o discurso educacional<br />
é dominado pela dimensão sócio-política<br />
e ideológica <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica. Já os<br />
anos de 1990 foram marcados pela busca de<br />
novos enfoques e paradigmas para a compreensão<br />
<strong>da</strong> prática docente e dos saberes dos professores.<br />
Essa discussão foi introduzi<strong>da</strong> em 1991,<br />
por um artigo de M. Tardif, C. Lessard e L.<br />
Lahaye, publicado na <strong>Revista</strong> Teoria e <strong>Educação</strong>.<br />
Na literatura nacional, é possível destacar<br />
vários estudos nessa área, os quais passaremos<br />
a apresentar em segui<strong>da</strong>.<br />
O estudo conduzido por Pimenta (1996) com<br />
alunos de licenciatura teve como objetivo repensar<br />
a formação inicial e continua<strong>da</strong> a partir<br />
<strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s práticas pe<strong>da</strong>gógicas. A autora<br />
identificou três tipos de saberes <strong>da</strong> docência: a)<br />
o saber <strong>da</strong> experiência, b) o saber do conhecimento<br />
e c) os saberes pe<strong>da</strong>gógicos. Ela sugere<br />
que a fragmentação entre esses três tipos de<br />
saberes seja supera<strong>da</strong>, considerando a prática<br />
social como objetivo central para possibilitar<br />
assim uma re-significação dos saberes na formação<br />
dos professores.<br />
Partindo <strong>da</strong> relação teoria/prática, Fiorentini<br />
et al. (1998) procurou identificar e caracterizar<br />
os saberes docentes e como esses saberes<br />
poderiam ser apropriados/produzidos pelos professores<br />
por meio de uma prática reflexiva e<br />
investigativa. Sua principal conclusão é que a<br />
articulação <strong>da</strong> teoria com a prática poderá contribuir<br />
na formação do professor/pesquisador de<br />
forma contínua e coletiva, utilizando a prática<br />
pe<strong>da</strong>gógica como instância de problematização,<br />
significação e exploração dos conteúdos de formação<br />
teórica.<br />
Guarnieri (1997) desenvolveu um estudo<br />
sobre a atuação de professores iniciantes, a<br />
partir <strong>da</strong> idéia de que a profissão vai sendo construí<strong>da</strong><br />
à medi<strong>da</strong> que o professor articula o conhecimento<br />
teórico-acadêmico, a cultura escolar<br />
e a reflexão sobre a prática.<br />
Ain<strong>da</strong>, a respeito do assunto, Silva (1997)<br />
conduziu uma pesquisa com professores por<br />
meio de entrevistas que revelou a existência de<br />
um conhecimento profissional que vai sendo<br />
construído ao longo <strong>da</strong> carreira e Therrien<br />
(1995) enfatizou que nos estudos sobre a formação<br />
de professores ain<strong>da</strong> persiste uma dissociação<br />
entre a formação e a prática cotidiana,<br />
não enfatizando a questão dos saberes que são<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 227-238, jan./jun., 2006 229