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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Do desenho <strong>da</strong>s palavras à palavra do desenho<br />

cul<strong>da</strong>de que o sujeito ain<strong>da</strong> experimenta em<br />

coordenar as ações motoras complexas solicita<strong>da</strong>s<br />

no processo de representação gráficoplástica<br />

dos objetos. Paralelamente, ao associar<br />

as marcas produzi<strong>da</strong>s sobre o suporte a determinados<br />

objetos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de concreta, a criança<br />

começa a “<strong>da</strong>r nome” ao seu desenho (a<br />

dizer quais objetos seu desenho busca representar).<br />

124<br />

Figura 2<br />

Garatuja controla<strong>da</strong><br />

Figura 3<br />

Irradiação<br />

(3) A representação gráfico-plástica préesquemática<br />

– A representação gráfico-plástica<br />

“pré-esquemática” equivale ao período<br />

denominado por Vygotsky de etapa simbólica<br />

(escalão de esquemas) e caracteriza a fase<br />

em que não se observam formas gráficas invariantes<br />

para referir um determinado objeto.<br />

Sol, nuvens e pássaros, por exemplo, não são<br />

representados do mesmo jeito ou por um único<br />

e mesmo esquema gráfico nos sucessivos e<br />

diferentes desenhos do sujeito. 2 Verifica-se,<br />

nesta etapa, o fenômeno <strong>da</strong> justaposição (Fi-<br />

gura 4), isto é, a colocação, lado a lado, de elementos<br />

que compõem o objeto representado<br />

pela criança sem aparentemente existir qualquer<br />

relação lógica entre eles. Na representação<br />

<strong>da</strong> figura humana, por exemplo, braços,<br />

cabelos, olhos e boca são desenhados ao lado<br />

ou “fora” do traçado do corpo. O grafismo, até<br />

então, ato impulsivo converte-se definitivamente<br />

em ato gráfico (LEVIN, 1998). O desenho,<br />

neste período, resulta de uma ação intencional<br />

do sujeito. Isto é: o desenho persegue claramente<br />

o objetivo de representar simbolicamente<br />

um determinado objeto. As marcas feitas pela<br />

criança sobre o suporte começam a ser planeja<strong>da</strong>s<br />

com antecedência em sua mente - vale<br />

dizer, no plano intramental. Verifica-se que, nesta<br />

etapa, as praxias <strong>da</strong> criança já se encontram<br />

bastante desenvolvi<strong>da</strong>s e consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s permitindo-lhe<br />

miniaturizar as marcas produzi<strong>da</strong>s<br />

sobre o suporte. É a partir desta etapa que se<br />

pode iniciar o aprofun<strong>da</strong>mento de estudos <strong>da</strong><br />

expressão gráfico-plástica infantil ou expressão<br />

psicográfica do sujeito (MARIN, 1985;<br />

VYGOTSKY, 1982).<br />

Através <strong>da</strong> análise do processo de produção<br />

gráfico-plástica do sujeito pode-se examinar,<br />

por exemplo, o modo como as crianças<br />

representam a reali<strong>da</strong>de social e conseguese<br />

inclusive identificar estágios <strong>da</strong> construção<br />

pessoal <strong>da</strong> criança concernentes à<br />

expressão político-ideológica de determinados<br />

temas em seus desenhos. Tais estudos costumam<br />

focalizar basicamente três aspectos<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de representacional gráfico-plástica:<br />

(1) sua dimensão psicomotora; (2) sua<br />

dimensão estético-conceitual, ou seja, os<br />

princípios gráficos utilizados na construção<br />

dos objetos representados; (3) a dimensão<br />

gráfico-ideológica, quer dizer, o significado<br />

e sentido <strong>da</strong>s comunicações através do grafismo<br />

(MARIN, 1985, p.27).<br />

2 O conceito referido por esquema (esquema gráfico, forma<br />

gráfica invariante), na nomenclatura de Lowenfeld &<br />

Brittain, difere do sentido desta palavra na expressão escalão<br />

de esquemas utiliza<strong>da</strong> por Vygotsky. O escalão de esquemas<br />

vygotskiano equivale ao que Lowenfeld & Brittain<br />

chamam de etapa pré-esquemática. Por isso optei por utilizar<br />

a expressão etapa simbólica na tradução <strong>da</strong> nomenclatura<br />

formula<strong>da</strong> por Vygotsky.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 117-132, jan./jun., 2006

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