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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Os autores ora citados parecem convergir<br />

nas idéias <strong>da</strong> professora há pouco destaca<strong>da</strong>,<br />

quando anota que a formação poderia começar<br />

pelo “professor se amando, se gostando, se<br />

conhecendo”. Desse modo, começar por ele é<br />

reconhecê-lo primeiramente no seu corpo, expressão<br />

do seu ser e estar no mundo. Este reconhecimento<br />

pode ser concretizado quando<br />

ancorados em experiências que envolvam o<br />

corpo e o jogo. No corpo, ao mobilizar movimentos<br />

e sentimentos, tais experiências ativam<br />

o pensamento, a memória e desbloqueiam as<br />

tensões.<br />

Em se referindo ao jogo, podemos dizer que<br />

é importante se desenvolver a capaci<strong>da</strong>de lúdica,<br />

que requer o uso criativo <strong>da</strong> cognição, <strong>da</strong><br />

imaginação e dos vínculos. Integra<strong>da</strong>s, estas<br />

ativi<strong>da</strong>des lúdico-corporais nos mostraram<br />

mu<strong>da</strong>nças significativas na expressão e na<br />

auto-estima dos professores, proporcionando<br />

maior contato consigo e com o outro e<br />

melhor saúde psíquica, que nas palavras de<br />

Reich (1979), é “estar plenamente vivo em to<strong>da</strong>s<br />

as situações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>”.<br />

Como afirma Lowen (1977), as funções de<br />

contato, que representam as principais interações<br />

com o mundo, se dão no patamar corporal,<br />

no plano psíquico, com a terra e com a<br />

sexuali<strong>da</strong>de, e fazem emergir respectivamente<br />

a graciosi<strong>da</strong>de, maior sensibili<strong>da</strong>de, senso de<br />

reali<strong>da</strong>de e capaci<strong>da</strong>de para o prazer. Observamos<br />

tais funções na declaração dos professores<br />

sobre a avaliação que fizeram do curso,<br />

usando o “corpo do grupo” como metáfora. Ao<br />

se referirem à “cabeça do grupo”, mostraram<br />

que o desbloqueio <strong>da</strong>s defesas racionais proporcionou<br />

maior integração entre os sentimentos<br />

e pensamentos, trazendo maturi<strong>da</strong>de<br />

e uma nova óptica na relação com o trabalho:<br />

“o chão ficou mais firme e as idéias mais<br />

seguras”. No “coração do grupo”, observamos<br />

maior graciosi<strong>da</strong>de e prazer, ao declararem a<br />

presença de alegria e abertura para o diálogo<br />

e para o acolhimento. Nas “mãos”, enfatizaram<br />

a garra e a esperança no sentido<br />

<strong>da</strong> renovação: “a partir delas tudo pode recomeçar”,<br />

e nos “pés”, a firmeza e a ampliação<br />

<strong>da</strong> consciência <strong>da</strong> missão social que desem-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 79-98, jan./jun., 2006<br />

Sueli Barros <strong>da</strong> Ressurreição; Bernadete de Souza Porto<br />

penham, mostrando contato maior com a reali<strong>da</strong>de<br />

e maior segurança na sua expressão.<br />

Com âncora nesta análise, concluímos a<br />

pesquisa, respondendo que a tônica <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />

lúdico-corporais vivencia<strong>da</strong>s na formação<br />

docente possibilita contato integral<br />

com o self (sentir, pensar e agir). Ao atuarem<br />

nos movimentos e sentimentos, tais ativi<strong>da</strong>des<br />

proporcionam maior consciência corporal<br />

que, por sua vez, leva o sujeito a escutar a si<br />

mesmo e ter maior disponibili<strong>da</strong>de para as interações.<br />

Dessa forma, o trabalho contribuiu para fortalecer<br />

a auto-estima e a expressão deste<br />

profissional e a aprendizagem <strong>da</strong> convivência,<br />

fator importante para possibilitar o seu reencanto<br />

com o trabalho e assim propiciar um<br />

maior engajamento e equilíbrio afetivo-energético.<br />

Acrescentamos que o tema deste estudo<br />

sugere a interpretação de outras abor<strong>da</strong>gens<br />

teóricas para compreensão mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

de sua dinâmica, abrindo caminhos de análise.<br />

Considerando que a ludici<strong>da</strong>de ocupa papel<br />

fun<strong>da</strong>mental nas etapas do desenvolvimento<br />

psicológico e sociocultural, reconhecemos que<br />

a prática <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia lúdica é apenas uma <strong>da</strong>s<br />

dimensões do trabalho docente que pode tornálo<br />

mais vivo e engajado nos seus objetivos e,<br />

portanto, outras dimensões precisam ser eluci<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

com este propósito.<br />

Manifestamos, ain<strong>da</strong>, o argumento de que o<br />

emprego <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des lúdico-corporais na formação<br />

de professores não pode obviamente<br />

acabar com o mal-estar docente, pois este tem<br />

origem em um contexto social mais amplo, como<br />

atestou a presente pesquisa. Quando, porém,<br />

inseri<strong>da</strong>s num espaço que possibilite o professor<br />

compartilhar seus impasses e questionamentos<br />

enfrentados no cotidiano de sua práxis, podem<br />

representar uma estratégia eficaz para enfrentar<br />

as adversi<strong>da</strong>des de seu ofício, ao ampliar<br />

sua consciência e atuar no seu equilíbrio afetivo-energético.<br />

Ao nos aproximarmos do final deste artigo,<br />

cumpre reiterar a noção de que, na elaboração<br />

de sua identi<strong>da</strong>de, o professor tem alegrias, insatisfações,<br />

prazer, amor e ódio, em decorrên-<br />

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