Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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Do desenho <strong>da</strong>s palavras à palavra do desenho<br />
rem adequa<strong>da</strong>mente compreendidos” (OLIVEI-<br />
RA e outros, 2002, p. 43). Desse ponto de vista, a<br />
abor<strong>da</strong>gem desenvolvimental ou evolutiva diverge<br />
muito do modo “desenvolvimentista” ou “evolucionista”<br />
de aproximação de um objeto.<br />
Se o(a) professor(a) estiver atento às produções<br />
gráfico-plásticas dos seus alunos, poderá<br />
acompanhar os ritmos pessoais de ca<strong>da</strong><br />
criança e identificar eventuais fases comuns<br />
à to<strong>da</strong> sua turma de educandos. Mas não basta<br />
entender os mecanismos psicomotores, cognitivos,<br />
afetivos e histórico-culturais enre<strong>da</strong>dos<br />
no grafismo infantil. É preciso oferecer<br />
um ambiente de aprendizado desafiador e estimulante<br />
aos alunos que busque: (1) valorizar<br />
sua expressão psicográfica; e (2) promover<br />
avanços nos processos singulares de apropriação<br />
e (co)laboração do sistema de representação<br />
do desenho através <strong>da</strong> exposição do sujeito<br />
à varia<strong>da</strong>s obras de arte e do estímulo à<br />
sua experimentação artística .<br />
Adiante, passo a expor alguns instrumentos<br />
pe<strong>da</strong>gógicos úteis nesse sentido. Porém, inicialmente,<br />
é necessário fazer uma distinção muito<br />
grosseira entre desenho e pintura. Embora<br />
rude, a diferenciação será útil para esclarecer<br />
a especifici<strong>da</strong>de estética dessas duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des<br />
de expressão gráfico-plástica bidimensional.<br />
Evidentemente o conceito de desenho pode<br />
ser ampliado - e as fronteiras entre desenho,<br />
pintura e escultura se tornarem pouco níti<strong>da</strong>s.<br />
Não cabe aqui uma discussão conceitual a esse<br />
respeito.<br />
No desenho, pode-se dizer, o sujeito deixará<br />
sempre o suporte - ou parte dele (papel, tela<br />
etc) - à mostra do observador. Ou seja: as marcas<br />
impressas em um determinado suporte não<br />
ocupam nem preenchem to<strong>da</strong> a extensão de sua<br />
superfície. Já na pintura, ao contrário, to<strong>da</strong> a<br />
superfície do suporte é recoberta por tratamento<br />
plástico. Atenção: deste ponto de vista desenho<br />
colorido não é pintura!<br />
Tanto o desenho como a pintura são representações<br />
gráfico-plásticas bidimensionais,<br />
isto é, buscam correlacionar duas dimensões<br />
na representação visual do objeto: a altura e a<br />
largura <strong>da</strong>s formas. Embora nos desenhos e<br />
pinturas as formas representa<strong>da</strong>s possam si-<br />
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mular possuir expessura e volume, elas – a representação<br />
propriamente dita dessas formas -<br />
não são tridimensionais. Falta-lhes a terceira<br />
dimensão, o volume. Desenhar e pintar em<br />
perspectiva uma caixa, por exemplo, difere<br />
muito de representá-la, moldá-la ou esculpi-la<br />
em três dimensões. To<strong>da</strong>via, na escultura a<br />
altura, largura e volume <strong>da</strong>s formas são <strong>da</strong>dos<br />
palpáveis, concretos. A escultura é uma<br />
representação gráfico-plástica tridimensional.<br />
Os instrumentos pe<strong>da</strong>gógicos de coleta do<br />
grafismo, relacionados a seguir, aplicam-se indistintamente<br />
às representações bi e tridimensionais<br />
<strong>da</strong>s crianças, isto é, aos seus desenhos<br />
e pinturas (representações plásticas bidimensionais)<br />
e esculturas (representações plásticas<br />
tridimensionais).<br />
(1) O desenho espontâneo – [Leia-se pintura<br />
espontânea, escultura espontânea]. É<br />
o desenho onde não existe uma proposta temática<br />
por parte do(a) professor(a). A criança<br />
busca desenhar o que quer e o que lhe é significativo<br />
em um <strong>da</strong>do momento.<br />
(2) O desenho <strong>da</strong> história – [Leia-se pintura<br />
<strong>da</strong> história, escultura <strong>da</strong> história]. O(a)<br />
professor(a) lê, conta ou apresenta através de<br />
vídeo, CD-ROM, teatro de sombras ou de fantoches,<br />
por exemplo, uma história para as crianças.<br />
Em segui<strong>da</strong>, propõe aos alunos que<br />
desenhem “de cabeça” (sem uso de modelos<br />
para cópia) a história que lhes foi apresenta<strong>da</strong>.<br />
(3) A história do desenho – [Leia-se história<br />
<strong>da</strong> pintura, história <strong>da</strong> escultura]. O(a)<br />
professor(a), após a ativi<strong>da</strong>de de desenho espontâneo<br />
do aluno, solicita ao aluno que conte<br />
a história do seu desenho.<br />
(4) O desenho de vivência – [Leia-se pintura<br />
de vivência, escultura de vivência].<br />
O(a) professor(a), após uma determina<strong>da</strong> vivência<br />
do grupo (excursão ao zoológico, i<strong>da</strong> ao<br />
teatro, por exemplo) solicita aos alunos o registro<br />
gráfico-plástico <strong>da</strong>quela experiência.<br />
(5) O desenho de observação – [Leia-se<br />
pintura de observação, escultura de observação].<br />
O(a) professor(a) apresenta um determinado<br />
objeto ou imagem à turma e, em segui<strong>da</strong>,<br />
solicita aos escolares que desenhem o que lhes é<br />
colocado à mostra (cópia do modelo).<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 117-132, jan./jun., 2006