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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Se der a gente brinca: crenças <strong>da</strong>s professoras sobre ludici<strong>da</strong>de e ativi<strong>da</strong>des lúdicas<br />

trabalha voluntariamente há três anos com os<br />

educandos do diurno, realiza<strong>da</strong> de forma estanque,<br />

desgarra<strong>da</strong> do trabalho pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong>s<br />

professoras. Assim, elas liberam os alunos e<br />

não participam nem presenciam as ativi<strong>da</strong>des.<br />

Dessa forma, não é possível garantir que as professoras<br />

contribuem para o estabelecimento de<br />

uma cultura escolar multiculturalista, que, como<br />

argumenta Gimeno Sacristán (1998) como possibili<strong>da</strong>de<br />

dessa instituição realizar “... um projeto<br />

aberto, no qual caiba uma cultura que seja<br />

um espaço de diálogo e de comunicação entre<br />

grupos sociais diversos” (p. 83).<br />

Apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s, como,<br />

por exemplo, a falta de materiais necessários,<br />

ele observa que, ao associar as técnicas de capoeira<br />

às brincadeiras tradicionais, as crianças<br />

estão mais tranqüilas, respeitam mais os colegas.<br />

Por também ter essa percepção, é que<br />

considero importante que professoras exerçam<br />

a sua influência pe<strong>da</strong>gógica nesse momento.<br />

Essa desvinculação do trabalho <strong>da</strong> capoeira<br />

realizado pelo mestre e o trabalho do professor<br />

provavelmente ocorre porque existe a<br />

crença de que a função educativa do professor<br />

se restringe à sala de aula e à transmissão<br />

de uma cultura única, a ver<strong>da</strong>deira, a que consta<br />

nos livros.<br />

2.2 As crenças <strong>da</strong>s professoras<br />

sobre a escola pública e suas conseqüências<br />

para a vivência lúdica<br />

nesse espaço educativo<br />

Com esse tópico objetivo sistematizar as<br />

crenças sobre escola e os aspectos a ela relacionados<br />

e como tais convicções interferem na<br />

presença <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des lúdicas<br />

nesse ambiente educativo. Assim, abordo<br />

as seguintes crenças:<br />

- A escola para as crianças <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s<br />

populares é importante!<br />

- A escola é sufocante!<br />

- A profissão de professor é muito exigente!<br />

- Não posso fazer na<strong>da</strong>!<br />

- Queria uma sala homogênea!<br />

- O tempo <strong>da</strong> escola deve ser bem utilizado!<br />

60<br />

Essa última está sustenta<strong>da</strong> em outras que<br />

lhes dão suporte: Débora, olha, por favor, a<br />

pontuação!<br />

Um dos momentos em que observei a presença<br />

dessa primeira crença que consiste na<br />

importância <strong>da</strong> escola para as crianças <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s<br />

populares foi quando questionei a Professora<br />

Teresinha – que ensina nas redes<br />

pública e priva<strong>da</strong> – em qual <strong>da</strong>s duas ela gostava<br />

mais de trabalhar, e ela respondeu:<br />

A pública. Porque na pública eu acho que as<br />

crianças precisam muito mais de mim, do meu<br />

esforço, <strong>da</strong> minha dedicação como professor.<br />

Eu sinto que os alunos <strong>da</strong> escola particular,<br />

independente de mim, eles aprendem muita coisa<br />

em casa, porque têm acesso a computadores,<br />

a livros de literatura infantil, aju<strong>da</strong> dos pais e<br />

a criança <strong>da</strong> escola pública, não. Só tem essa<br />

oportuni<strong>da</strong>de aqui comigo, durante essas quatro<br />

horas. Se eu não souber aproveitar será um<br />

prejuízo pra elas.<br />

A análise <strong>da</strong> crença <strong>da</strong> Professora Teresinha<br />

em relação à importância <strong>da</strong> escola para<br />

as crianças <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s populares está alicerça<strong>da</strong><br />

na visão de que os pais e o meio social de<br />

onde elas provêm não são adequados para a<br />

sua formação.<br />

A segun<strong>da</strong> crença apreendi<strong>da</strong> diz que a escola<br />

é sufocante. Faz referência tanto ao posicionamento<br />

<strong>da</strong>s professoras em relação ao<br />

espaço físico quanto ao sentimento delas frente<br />

à profissão que exercem e a todo o seu fazerpe<strong>da</strong>gógico.<br />

Nesse sentido, as professoras também<br />

se referem à presença desse sentido de<br />

desânimo perante a escola por parte dos alunos.<br />

Muitos são os fatores enfrentados diariamente<br />

pelos professores/as que fazem com que sintam<br />

a escola como um lugar desgastante que<br />

desencadeia uma “falta de energia”. Ao ser<br />

questionado sobre o que causa esse esvaziamento,<br />

Mariazinha explica:<br />

Esvazia porque a gente cui<strong>da</strong> demais e não é<br />

cui<strong>da</strong><strong>da</strong>. Acho que basicamente é isso. A gente<br />

se dedica muito. A gente cria vínculos com os<br />

alunos, um vinculo de afetivi<strong>da</strong>de mesmo. Eu<br />

falo muito de vinculo de afetivi<strong>da</strong>de porque,<br />

pra mim, me alimenta muito, principalmente<br />

com as criança, né? E por exemplo, com as crianças<br />

menores, que não tem colaboração <strong>da</strong>s<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 55-77, jan./jun., 2006

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