11.04.2013 Views

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O fazer pe<strong>da</strong>gógico de todo educador deve<br />

ser planejado, a inclusão do lúdico na educação<br />

também deve ser organiza<strong>da</strong> com objetivos,<br />

meios e fins a serem alcançados. O lúdico<br />

deve ser incluído de acordo com a leitura que<br />

o educador faz de sua turma e de seus pais,<br />

porque ca<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>nte possui sua maneira de<br />

ser e agir no mundo, seu modo particular de<br />

enfrentar situações. Então, as peculiari<strong>da</strong>des<br />

dos educandos, do seu contexto e de seus pais<br />

devem ser considera<strong>da</strong>s, senão o educador semeará<br />

em campo estéril e não conseguirá contribuir<br />

no processo de aprendizagem de seus<br />

educandos. Os pais e as próprias crianças resistirão<br />

a qualquer tentativa de inclusão do lúdico<br />

em sala de aula. Então, não basta ter<br />

apenas boa vontade e intenção, é necessária<br />

a aceitação, compreensão e conscientização<br />

dos pais, educandos e comuni<strong>da</strong>de escolar, em<br />

geral, de todos os benefícios de uma educação<br />

centra<strong>da</strong> em ativi<strong>da</strong>des lúdicas. Para que<br />

isto ocorra, o professor pode promover uma<br />

semana de palestras, encontros, seminários<br />

através <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de para esclarecer à comuni<strong>da</strong>de<br />

escolar de sua nova prática e tê-los<br />

como parceiros de todo o processo.<br />

A aceitação, por parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de escolar,<br />

já autoriza o educador a colocar suas necessi<strong>da</strong>des<br />

financeiras no PDE (Plano de<br />

Desenvolvimento Escolar), o que possibilita a<br />

aquisição dos instrumentos necessários à aplicação<br />

<strong>da</strong> proposta, apesar de também poder<br />

utilizar material de sucata, que pode ser solicitado<br />

à comuni<strong>da</strong>de, e construir os jogos e brinquedos<br />

junto com seus educandos, sendo um<br />

momento rico no desenvolvimento <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de,<br />

imaginação, socialização, pertencimento,<br />

independência e decisão <strong>da</strong> turma. “Brincar é<br />

decidir se vai fazer desaparecer um objeto, decidir<br />

se está na hora de deitar seu neném / boneca.<br />

Quem está brincando, está decidindo; um<br />

jogador é um tomador de decisões e esta é, sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>s características importantes do<br />

jogo.” (BROUGÉRE, 1998, p. 25).<br />

Aprender uma brincadeira ou jogo é, sobretudo,<br />

apropriar-se de suas estratégias e regras.<br />

É sucumbir ao perder e ganhar. Utilizar jogos e<br />

brinquedos no ensino é muito interessante, prin-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 27-41, jan./jun., 2006<br />

Maria José Etelvina dos Santos<br />

cipalmente quando são sugeridos, criados pelos<br />

professores e educandos, e não impostos.<br />

O papel do educador como agente de um<br />

processo historicamente construído é, além de<br />

informar, orientar as pessoas a construírem sua<br />

própria identi<strong>da</strong>de, levando-as a contribuírem de<br />

forma significativa com a socie<strong>da</strong>de, e a ludici<strong>da</strong>de<br />

tem sido enfoca<strong>da</strong> como um dos meios<br />

para alcançar esse encontro identitário.<br />

Com base nas idéias de Marcelino (1997), a<br />

negação do lúdico pela escola na<strong>da</strong> contribui<br />

para o desenvolvimento <strong>da</strong> criança, para a superação<br />

de seus conflitos, porque é nega<strong>da</strong> também<br />

a expressão de uma linguagem própria.<br />

Cabe à maioria <strong>da</strong>s escolas não tolher a vivência<br />

deste componente tão significativo e<br />

necessário ao desenvolvimento dos educandos,<br />

e dissociar a idéia <strong>da</strong> falta de serie<strong>da</strong>de, de bagunça<br />

e indisciplina que se agregam ao lúdico e<br />

atribuir-lhe o caráter de serie<strong>da</strong>de que realmente<br />

o evidencia.<br />

É fun<strong>da</strong>mental o resgate do lúdico no âmbito<br />

escolar como uma forma de conviver, reviver<br />

o prazer e a alegria do brincar, transformando<br />

o ensinar e o aprender mais envolvente<br />

e prazeroso.<br />

A visão psicanalítica de desenvolvimento<br />

emocional e ludici<strong>da</strong>de<br />

e suas implicações para o contexto<br />

escolar<br />

O jogo tem sido estu<strong>da</strong>do por psicólogos, filósofos<br />

e pe<strong>da</strong>gogos, sendo válidos seus descobrimentos<br />

ain<strong>da</strong> hoje, mas alguns estudos<br />

descrevem apenas aspectos parciais do problema<br />

ou mostram os fenômenos sem considerar<br />

seu significado inconsciente, que será redimensionado<br />

por Melanie Klein, partindo <strong>da</strong>s descobertas<br />

de Freud sobre o inconsciente infantil e<br />

suas considerações sobre o brincar na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

criança. Afirma, em seus estudos: “Pelo jogo, a<br />

criança traduz de um modo simbólico suas fantasias,<br />

seus desejos, suas experiências vivi<strong>da</strong>s”<br />

(KLEIN, 1997, p.27). Essa compreensão <strong>da</strong><br />

significação do jogo na criança é hoje coisa<br />

admiti<strong>da</strong>, mas, na época, ela abria um campo<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!