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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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A concepção de conhecimento profissional e sua aquisição por professores do ensino médio<br />

zacional que deriva predominantemente dos<br />

próprios <strong>da</strong>dos.<br />

O objetivo desse tipo de análise foi tentar<br />

discernir similari<strong>da</strong>des conceituais, melhorar o<br />

poder discriminativo <strong>da</strong>s categorias e descobrir<br />

padrões. A seguir, apresentamos as categorias<br />

de análise.<br />

A concepção de conhecimento<br />

Quando perguntamos aos professores qual<br />

a concepção que os mesmos tinham sobre o<br />

conhecimento, várias opiniões surgiram, variando<br />

de um entendimento do conhecimento<br />

como uma busca constante, como uma somatória<br />

de experiências adquiri<strong>da</strong> na prática do diaa-dia,<br />

até o conhecimento como domínio do<br />

conteúdo.<br />

Informação e conhecimento são, ca<strong>da</strong> vez<br />

mais, peças-chave para o sucesso do professor.<br />

As duas palavras parecem sinônimas, mas<br />

não são. Definir e diferenciá-las não é uma tarefa<br />

fácil. Alguns professores participantes desse<br />

estudo apresentaram essa dificul<strong>da</strong>de, ao<br />

opinar sobre o que o termo conhecimento significava<br />

para eles. Vejamos o que o professor<br />

Ângelo pensa a esse respeito “Bom, conhecimento<br />

já no que você nasce está recebendo informações<br />

e tudo o que você carrega dentro de<br />

você é o conhecimento. Pra mim, isto é idéia<br />

de conhecimento”. (Professor de <strong>Educação</strong><br />

Física, dez anos de Magistério).<br />

A informação é o conjunto de <strong>da</strong>dos organizados<br />

em padrões cheios de significado que<br />

podem ser possuídos e também transferidos de<br />

uma pessoa a outra. A informação é exterior à<br />

pessoa e de ordem social.<br />

Já o conhecimento refere-se à capaci<strong>da</strong>de<br />

de agir, fazer ou realizar. É normalmente construído<br />

por professores e/ou aprendido em livros.<br />

É integrado à pessoa e de ordem pessoal. Dos<br />

30 professores participantes desse estudo, apenas<br />

três professores expressam essa noção de<br />

maneira clara. Vejamos as suas opiniões:<br />

232<br />

Conhecimento pra mim a pessoa só tem quando<br />

ela toma posse e põe em prática. Só o aprender<br />

por aprender, ouvir, escrever e retornar numa<br />

prova pra mim não é conhecimento. Pra mim é no<br />

momento que ela toma posse e usa na vi<strong>da</strong> (...)<br />

eu acho que conhecimento é quando você incorpora<br />

o aprendizado. (Professora de Português,<br />

30 anos de Magistério).<br />

Conhecer alguma coisa pra mim é interiorizar, é<br />

fazer parte de mim aquilo. Aquilo tem que ser<br />

natural na minha cabeça. Quando eu digo eu sei<br />

alguma coisa, aquilo tem que fluir naturalmente.<br />

Não é alguma coisa que eu tenho que forçar para<br />

demonstrar. Quando eu sei, quando eu conheço<br />

aquilo eu já dou a resposta na ponta <strong>da</strong> língua.<br />

Então pra mim é algo já interiorizado. Se eu não<br />

interiorizei, eu não conheço. (Professor de Física,<br />

quinze anos de Magistério).<br />

Eu acho que é tudo, pois é o papel <strong>da</strong> escola,<br />

aquisição do conhecimento, ou seja, a construção<br />

do conhecimento. O conhecimento para mim<br />

é a capaci<strong>da</strong>de de trabalhar com a informação de<br />

aplicar a informação na leitura de mundo, no caso<br />

<strong>da</strong> história, a informação passa<strong>da</strong> na história tem<br />

qual função? Que o aluno consiga fazer uma leitura<br />

do mundo, consiga interagir, consiga pensar<br />

criticamente, consiga estabelecer a relação passado<br />

e presente e consiga se situar a partir dessas<br />

informações, porque é comum as pessoas<br />

só terem informações, mas por exemplo, no caso<br />

<strong>da</strong> história, tem uma série de informações sobre<br />

o contexto histórico do problema <strong>da</strong> terra, do<br />

problema <strong>da</strong> questão do negro e do menor abandonado,<br />

mas tem visões do senso-comum e visões<br />

racistas. Quer dizer a pessoa não conseguiu<br />

transpor a informação em conhecimento. (Professora<br />

de História, 18 anos de Magistério).<br />

Vários entrevistados afirmaram que o conhecimento<br />

é um somatório de experiências<br />

adquiri<strong>da</strong>s ao longo do tempo e, sendo assim,<br />

“devem ler muitos livros para memorizar”. Talvez<br />

aí resi<strong>da</strong> um equívoco pe<strong>da</strong>gógico, pois a<br />

memorização deve ser compreendi<strong>da</strong> como um<br />

subproduto de um trabalho de construção intelectual.<br />

A opinião abaixo ilustra muito bem essa<br />

questão:<br />

Conhecimento é a somatória de detalhes que leva<br />

a uma conclusão final. Por mais que você tenha<br />

uma certa quanti<strong>da</strong>de de idéia, de assuntos, sempre<br />

é uma seqüência. A gente chega à conclusão<br />

que essa somatória é infinita. Jamais a gente<br />

consegue chegar a uma conclusão final. A gente<br />

tem uma conclusão parcial, mas o número ob-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 227-238, jan./jun., 2006

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