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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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zes a gente vem para uma reunião para escrever<br />

um projeto e antes começa um bate-papo que é<br />

enriquecedor pra caramba, quantas coisas a gente<br />

aprende e ensina? (Educadora H – NELCY<br />

PIAGGIO)<br />

E o MIAC é muito interessante e importante porque<br />

lá a gente faz as descobertas; eu já me emocionei<br />

várias vezes com o MIAC, lá a gente faz<br />

trabalho com políticas públicas e também leva a<br />

gente a viver os direitos; por exemplo, eu nunca<br />

entrei no Clube Baiano de Tênis, um dia me vi lá<br />

com o MIAC, assistindo um filme que tem a ver<br />

com nossas vi<strong>da</strong>s de educador popular, muitas<br />

coisas assim. Eu me vi ali naquele filme; o que<br />

me despertou também outras coisas, encorajando,<br />

acor<strong>da</strong>ndo. (...) Estou me lembrando do que<br />

aconteceu com as mulheres que foram retira<strong>da</strong>s<br />

aqui do Pelourinho e que receberam uma quantia<br />

irrisória para isso. E levaram os filhos, que<br />

não queriam ficar lá. A prefeitura então inventou<br />

um projeto que se chamou “Os Nossos Filhos”<br />

– porque os meninos já haviam se acostumado<br />

aqui e voltaram para ficar por aqui. Tem a Gamboa<br />

de Baixo também. Precisamos discutir “Tecendo<br />

a Ci<strong>da</strong>de” criando um sentido político<br />

para isso, questionar isso... (Educadora E –<br />

MARINALVA GÓES).<br />

O aprendizado dos direitos leva tais educadores<br />

a questionar e in<strong>da</strong>gar sobre a brutal exclusão<br />

dos setores populares urbanos dos<br />

serviços públicos mais básicos. Quando Paulo<br />

Freire (1981) justifica a Pe<strong>da</strong>gogia do Oprimido,<br />

sinaliza que tal pe<strong>da</strong>gogia se nutre do<br />

sujeito como problema de si mesmo ou <strong>da</strong> problematização<br />

de nos formarmos humanos. Seu<br />

objeto de teorização é a trágica descoberta de<br />

nós mesmos (ARROYO, 2004, p.5-7).<br />

Esta descoberta, segundo Freire (1981), se<br />

faz especialmente nos movimentos sociais:<br />

Os movimentos de rebelião, sobretudo de jovens,<br />

no mundo atual... manifestam, em sua profundi<strong>da</strong>de,<br />

esta preocupação em torno do homem e<br />

dos homens, como seres no mundo e com o mundo.<br />

Em torno do que e de como estão sendo...<br />

buscando a afirmação dos homens como sujeitos<br />

de decisão. Todos estes movimentos refletem o<br />

sentido mais antropológico do que antropocêntrico<br />

de nossa época. (FREIRE, 1981, p.27)<br />

Os dramáticos processos <strong>da</strong> convivência<br />

humana trazem grandes interrogações para os<br />

Izabel Dantas de Menezes<br />

homens e mulheres. Os sujeitos, segundo Arroyo<br />

(2004), “... reeducam as teorias pe<strong>da</strong>gógicas,<br />

as humanizam ou as aproximam <strong>da</strong>s<br />

grandes interrogações que estão em sua origem.<br />

Pe<strong>da</strong>gogia como acompanhamento <strong>da</strong>s<br />

possibili<strong>da</strong>des de sermos humanos, de realização<br />

do humano possível...”.<br />

A possibili<strong>da</strong>de de questionar e atuar politicamente<br />

como “sujeitos de decisão” ou como<br />

“atores/autores” capazes de contribuir para a<br />

melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de social <strong>da</strong> educação, contribuindo<br />

efetivamente para a construção de<br />

condições mais humanas e solidárias, pela conseqüente<br />

atuação política nos seus espaços (escola,<br />

comuni<strong>da</strong>de, conselhos, fóruns, etc.), só<br />

foi possível de ser feita pela formação desenvolvi<strong>da</strong><br />

internamente no movimento.<br />

As falas a seguir representam um destes<br />

momentos de mobilização e pressão ci<strong>da</strong>dã. São<br />

reflexões críticas a respeito <strong>da</strong>s concepções<br />

político-pe<strong>da</strong>gógicas instituí<strong>da</strong>s e mapea<strong>da</strong>s<br />

durante a “ro<strong>da</strong> de discussão” na Escola Renan<br />

Baleeiro, ação que fez parte <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />

<strong>da</strong> “Semana de Ação Mundial 2004” – O político<br />

vai à escola. O político convi<strong>da</strong>do foi um<br />

miaqueiro, o professor Albertino Nascimento,<br />

componente do Conselho Estadual de <strong>Educação</strong><br />

<strong>da</strong> Bahia, representando o SINPRO – Sindicato<br />

dos Professores <strong>da</strong> Rede Particular de<br />

Ensino, também parceiro do MIAC.<br />

É importante registrar que o MIAC, aqui em<br />

Salvador, na ação de O político vai à escola,<br />

quebrou a lógica do político parlamentar que<br />

está coloca<strong>da</strong> na campanha. Pensamos em trazer<br />

essa questão do político de forma mais amplia<strong>da</strong>;<br />

afinal de contas, somos todos seres políticos no<br />

cotidiano do nosso fazer, particularmente na<br />

escola. A participação do MIAC tem o papel<br />

fun<strong>da</strong>mental de enriquecer essa participação<br />

popular dentro do Conselho (...) Portanto, é uma<br />

ro<strong>da</strong> dinâmica como essa que nos move, faz com<br />

que estejamos sempre em movimento. (Membro<br />

do Conselho Estadual de <strong>Educação</strong> <strong>da</strong> Bahia,<br />

Albertino Nascimento).<br />

Acredito muito num pacto entre professor e aluno<br />

no sentido de buscar melhorar a quali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> educação; é preciso estabelecer relações de<br />

cumplici<strong>da</strong>de. A partir disso, certamente come-<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 185-200, jan./jun., 2006 191

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