Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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para os seus participantes. Essa compreensão<br />
pode ser esclareci<strong>da</strong> a partir de Cipriano Luckesi<br />
(2000), quando assinala:<br />
Enquanto estamos participando ver<strong>da</strong>deiramente<br />
de uma ativi<strong>da</strong>de lúdica, não há lugar, na nossa<br />
experiência, para qualquer outra coisa, além<br />
dessa própria ativi<strong>da</strong>de. Não há divisão. Estamos<br />
inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis.<br />
Poderá ocorrer, evidentemente, de estar no<br />
meio de uma ativi<strong>da</strong>de lúdica e, ao mesmo tempo,<br />
estarmos divididos com outra coisa, mas aí,<br />
com certeza, não estaremos ver<strong>da</strong>deiramente<br />
participando dessa ativi<strong>da</strong>de. Estaremos com o<br />
corpo aí presente, mas com a mente em outro<br />
lugar e, então, nossa ativi<strong>da</strong>de não será plena e,<br />
por isso mesmo, não será lúdica. (p. 21)<br />
Já ativi<strong>da</strong>des lúdicas é expressão que se<br />
refere aos jogos, às brincadeiras, às festas. São<br />
assim denomina<strong>da</strong>s por possibilitarem a manifestação<br />
do elemento lúdico, no entanto, esclareço<br />
que a ludici<strong>da</strong>de não se apresenta<br />
somente nessas ativi<strong>da</strong>des, pois ela pode encontrar-se<br />
presente em diferentes momentos <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> humana, seja individual ou coletivamente,<br />
sem esquecer, ain<strong>da</strong>, que não é o fato de propor<br />
uma ativi<strong>da</strong>de com jogos ou brincadeiras,<br />
por exemplo, que “magicamente” a ludici<strong>da</strong>de<br />
com suas características estarão presentes.<br />
O elemento lúdico pode encontrar-se presente<br />
em diferentes momentos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana,<br />
seja individual ou coletivamente. Essa<br />
diferenciação, trabalha<strong>da</strong> pelo GEPEL, a partir<br />
<strong>da</strong>s elaborações de Cipriano Luckesi (2000),<br />
caracteriza a ludici<strong>da</strong>de como “fenômeno interno,<br />
que possui manifestação no exterior” (p.<br />
26). Já as ativi<strong>da</strong>des lúdicas são concebi<strong>da</strong>s<br />
como formas de manifestação <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de<br />
por trazerem elementos tais como a alegria e a<br />
espontanei<strong>da</strong>de.<br />
As características elabora<strong>da</strong>s por Johan<br />
Huizinga (2000), por Christie (apud KISCHI-<br />
MOTO, 1998), Washington Oliveira (2002) em<br />
relação à ludici<strong>da</strong>de nos fazem perceber que<br />
é necessário estabelecer uma relação de respeito,<br />
de confiança entre professor e aluno para<br />
que possa estar presente o elemento lúdico. Sob<br />
esse aspectos, a ludici<strong>da</strong>de é importante porque<br />
é mediante o respeito mútuo, a entrega dos<br />
participantes, a conquista de uma práxis mais<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 55-77, jan./jun., 2006<br />
Ilma Maria Fernandes Soares; Bernadete de Souza Porto<br />
criativa, envolvente e flexível, que se desenvolve<br />
o vínculo afetivo entre educando e educador.<br />
Esse vínculo é de grande importância não<br />
somente para a busca de conhecimento, mas<br />
retroalimenta os participantes do processo ensino-aprendizagem<br />
para que eles continuem a<br />
desafiar os problemas que se apresentam no<br />
fazer-pe<strong>da</strong>gógico. Isto foi demonstrado pela<br />
Professora Mariazinha, durante a entrevista:<br />
A gente cria vínculos com os alunos, um vinculo<br />
de afetivi<strong>da</strong>de mesmo. Eu falo muito de vinculo<br />
de afetivi<strong>da</strong>de porque, pra mim, me<br />
alimenta muito, principalmente com as crianças,<br />
né? (...) E a gente precisa trocar um pouco<br />
com os colegas porque cria um vazio, um sentimento<br />
de incompetência, às vezes, até não ter a<br />
certeza do que está fazendo, se está bom ou não.<br />
Aí a gente ain<strong>da</strong> troca com os colegas.<br />
Em relação aos estudos sobre a importância<br />
<strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de para o desenvolvimento saudável<br />
<strong>da</strong> criança, vários estudiosos discutem<br />
esse tema, como Simão de Miran<strong>da</strong> (2001),<br />
Janet Moyles (2002) e Adriana Friedmann<br />
(1996,) que enumeram diferentes aspectos do<br />
ser humano que podem ser desenvolvidos por<br />
meio de ativi<strong>da</strong>des lúdicas. Simão de Miran<strong>da</strong><br />
(2001), ao concluir a sua pesquisa sobre o jogo<br />
infantil, resume a importância <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />
lúdicas em cinco categorias: o cognitivo (linguagem,<br />
elaboração do pensamento lógico,<br />
percepção, abstração), o social (cooperação,<br />
interação, auto-expressão, respeito à regra), o<br />
afetivo (sensibili<strong>da</strong>de, estima), o criativo (imaginação,<br />
criação) e o motivacional (estímulo,<br />
alegria, ânimo etc.).<br />
Com base na análise de alguns estudiosos<br />
sobre o tema, acrescento outras dimensões humanas<br />
desenvolvi<strong>da</strong>s por meio de um trabalho<br />
lúdico: contribui para a conquista <strong>da</strong> autonomia,<br />
<strong>da</strong> independência e <strong>da</strong> liderança; permite a expressão<br />
<strong>da</strong>s emoções e conflitos, auxiliando,<br />
assim, o desenvolvimento <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong>de emocional;<br />
favorece a desinibição. Ao exercer a<br />
sua ação motivacional, estimula a exploração e<br />
a inovação e desbloqueia tensões, medos, pois<br />
não supervaloriza os erros. Ao desenvolver esses<br />
aspectos, auxilia também no estabelecimento<br />
<strong>da</strong> autoconfiança.<br />
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