Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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por exemplo, a convicção de que essa cria bagunça.<br />
Estereótipos como esses interferem na<br />
restrição ou ausência <strong>da</strong> presença <strong>da</strong> ludici<strong>da</strong>de<br />
na escola e, em especial, na sala de aula.<br />
Esclareço que o conhecimento científico também<br />
tem um caráter generalizante. No entanto,<br />
diferencia-se <strong>da</strong>s crenças, no sentido de que as<br />
convicções generalizam sem uma análise mais<br />
sistematiza<strong>da</strong>, por isso mesmo, cria os estereótipos;<br />
já na ciência, isso ocorre através de métodos<br />
que, utilizados num sistema de amostragem,<br />
tenta explicar e justificar todo um<br />
fenômeno. É nesse sentido que podemos afirmar<br />
que as ciências criam paradigmas.<br />
Diante do fato de a crença não ser um aspecto<br />
consciente para o indivíduo, a necessi<strong>da</strong>de<br />
de transformá-la é algo complexo. Ponto<br />
fun<strong>da</strong>mental é trazê-la para o nível <strong>da</strong> consciência,<br />
para assim poder avaliá-la e, se necessário,<br />
redimensioná-la. Esse não é um movimento<br />
fácil, pois a rotina e a execução quase<br />
mecânica dificultam observar, refletir e questionar<br />
os valores e atitudes que perpassam o trabalho<br />
que realizam cotidianamente. Diante do<br />
fato de as crenças serem elabora<strong>da</strong>s a partir<br />
de um contexto sociocultural, esse processo de<br />
REFERÊNCIAS<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 55-77, jan./jun., 2006<br />
Ilma Maria Fernandes Soares; Bernadete de Souza Porto<br />
modificação também poderá ser mais eficaz,<br />
se realizado coletivamente, mediante o questionamento,<br />
pois, como nota Eugenio Ramos<br />
(1997), as crenças não são imunes a dúvi<strong>da</strong>s e<br />
desequilíbrios. Dessa forma poderão se estabelecer<br />
o diálogo e o acesso a outros pontos de<br />
vista, com os estudos elaborados pelas diferentes<br />
áreas do conhecimento, que poderão interferir<br />
para modificar convicções que não contribuem<br />
adequa<strong>da</strong>mente para a melhoria do<br />
processo ensino-aprendizagem.<br />
Quando afirmo a importância de um trabalho<br />
profissional diferente, que torne a práxis<br />
pe<strong>da</strong>gógica do professor mais significativa para<br />
si e para os educandos, não desconsidero que<br />
esse processo é doloroso, permeado por dúvi<strong>da</strong>s,<br />
medos e conflitos, haja vista não ser fácil<br />
abrir mão de certezas, presentes há déca<strong>da</strong>s,<br />
na prática dos professores. Além do mais, para<br />
tentar mu<strong>da</strong>r essas crenças temos que focalizar<br />
não somente os professores, como categoria,<br />
mas é necessário atentarmos para todo<br />
o imaginário social que cristaliza um entendimento<br />
<strong>da</strong> profissão docente, que tanto influencia<br />
como é influenciado pelas convicções <strong>da</strong>s<br />
professoras.<br />
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