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Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb

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Arte em movimento: a potenciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte na formação de educadores<br />

• valorização dos profissionais <strong>da</strong> educação,<br />

através de planos de carreiras, remuneração<br />

digna e formação continua<strong>da</strong>;<br />

• avaliação democrática do sistema e <strong>da</strong>s<br />

instituições educacionais. 8<br />

Quem nos convi<strong>da</strong> a entrar na luta pela garantia<br />

desses direitos, de forma poética e metafórica,<br />

é Marinalva:<br />

194<br />

... atravessar o rio como Che Guevara 9 , atravessei<br />

e por ter tido essa coragem de atravessar<br />

muitas coisas e estar aqui de pé conseguindo<br />

falar, porque teve uma época na minha juventude<br />

em que eu não falava - era muito oprimi<strong>da</strong>,<br />

muito cala<strong>da</strong>, não sabia falar na<strong>da</strong> –, mas depois<br />

passei por um estudo com Ana Célia, do movimento<br />

negro, e descobri muitas coisas maravilhosas,<br />

como a questão de gênero racial, vim<br />

entender sobre candomblé... muitas coisas boas<br />

tenho aprendido nos movimentos. As pessoas<br />

me criticam e dizem que temos que trabalhar para<br />

ganhar dinheiro; eu não ganho dinheiro, mas<br />

ganho muita coisa que quem com tanto dinheiro<br />

não vai chegar nunca a ter. Esse é meu lado Che<br />

Guevara, que saiu para fazer aquela viagem e viu<br />

tantas coisas que mudou, e não era mais aquele<br />

mesmo homem de antes <strong>da</strong> viagem. Bem assim é<br />

a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> gente, quando temos que tomar decisões,<br />

quando queremos nos descobrir, a gente<br />

se ver, ver o outro, e vai todo mundo junto nessa<br />

caminha<strong>da</strong> em busca de deixar uma socie<strong>da</strong>de<br />

mais transforma<strong>da</strong>, como a gente gostaria, mais<br />

igual, com mais respeito, combatendo a discriminação<br />

e sabendo dividir, como a gente divide no<br />

MIAC. (Educadora E – MARINALVA GÓES).<br />

5. Aprender com o MIAC e atuar<br />

na comuni<strong>da</strong>de, na escola e no<br />

“chão <strong>da</strong> sala”<br />

Fala comuni<strong>da</strong>de<br />

Comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> periferia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

Comunicabili<strong>da</strong>de cadê?<br />

Você que é discriminado<br />

Pode man<strong>da</strong>r o seu recado<br />

Exija mais respeito, combata os preconceitos<br />

Você tem direitos,<br />

Trabalho, salário digno, saúde,<br />

Moradia, educação de quali<strong>da</strong>de, com base na<br />

reali<strong>da</strong>de<br />

Somos afrodescendentes,<br />

Somos negros resistentes.<br />

Na<strong>da</strong> de racismo; discriminação<br />

Gera confusão.<br />

Temos nessa crença,<br />

Religiosi<strong>da</strong>de é cultura na nossa<br />

Da nossa raça.<br />

(Educadora E – MARINALVA GÓES).<br />

O aprendizado dos direitos, destacado pelos<br />

educadores e educadoras como uma dimensão<br />

formativa, amplia a possibili<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> um<br />

fazer sua “leitura do mundo”, compartilhar o<br />

mundo lido, conforme Freire (1981), e atuar de<br />

forma efetiva na comuni<strong>da</strong>de, na escola e na<br />

sala de aula, em busca <strong>da</strong> transformação e reconstrução<br />

destas reali<strong>da</strong>des.<br />

Esta é, para o educador, uma possibili<strong>da</strong>de<br />

formativa que se revitaliza, à medi<strong>da</strong> que o seu<br />

“saber ser” e seu “saber fazer” é mediatizado<br />

por uma atitude crítica e reflexiva de si mesmo<br />

(dos seus complexos processos sociais, formativos<br />

e culturais), <strong>da</strong> sua práxis pe<strong>da</strong>gógica (dos<br />

projetos <strong>da</strong> escola, <strong>da</strong> sua participação) e do<br />

seu cotidiano (dos modelos sociais e educacionais).<br />

Há, neste encontro, a articulação <strong>da</strong>s dimensões<br />

“pessoal, profissional e social”,<br />

conforme Nóvoa (1992), do educador e <strong>da</strong> educadora,<br />

condição ímpar para a revitalização político-pe<strong>da</strong>gógica<br />

do seu processo formativo<br />

num:<br />

... incentivo para que a comuni<strong>da</strong>de desperte para<br />

criar coisas importantes para a própria comuni<strong>da</strong>de,<br />

como a biblioteca do final de linha, a ro<strong>da</strong><br />

com os professores comunitários. São muitas<br />

coisas bacanas, tiveram os Caldeirões, onde a<br />

gente teve oportuni<strong>da</strong>de de estar com outros<br />

professores, uma coisa bem bacana, que é o espaço<br />

onde a gente pode mostrar o que nós faze-<br />

8 Texto MIAC escrito pelos participantes <strong>da</strong> reunião a partir<br />

de um texto elaborado por Cláudio Orlando. “Um movimento<br />

pela quali<strong>da</strong>de social <strong>da</strong> educação”, 1999.<br />

9 Aqui ela se refere ao filme “Diário de motocicleta”, filme<br />

que discute o processo de formação do jovem Che Guevara.<br />

A cena onde o personagem atravessa o rio para ir ao encontro<br />

dos doentes de lepra é uma metáfora muito interessante<br />

que representa a sua escolha política e de vi<strong>da</strong>. Os educadores<br />

e jovens do MIAC assistiram ao filme durante a “3ª.<br />

ro<strong>da</strong> de discussão”, na sala de arte do Clube Baiano de Tênis,<br />

onde, após o filme, fizeram um debate sobre história de vi<strong>da</strong><br />

e formação.<br />

<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 185-200, jan./jun., 2006

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