Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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Herivelto Moreira; Guiomara Ribas; Elza Rumiko W. Soavinsky; Raimundo Fortes; Maria do Carmo Wiese; Ethel Fisher<br />
jetivo final, o resultado final, dificilmente a gente<br />
consegue chegar... (Professor de Física, dez anos<br />
de Magistério).<br />
Outra concepção de conhecimento que ficou<br />
muito clara na fala dos professores participantes<br />
desse estudo é a do conhecimento como<br />
uma busca constante, principalmente do conteúdo<br />
<strong>da</strong>s respectivas disciplinas que ministram.<br />
Dos 30 professores entrevistados, onze concebem<br />
o conhecimento como uma busca constante.<br />
Observemos as opiniões mais representativas:<br />
O conhecimento é uma busca que a gente está<br />
sempre fazendo. Conhecimento para mim é uma<br />
caminha<strong>da</strong>, mas prazerosa. (Professora de Geografia,<br />
doze anos de Magistério).<br />
Eu acho que o conhecimento é você ir atrás, você<br />
se aprofun<strong>da</strong>r naquilo que você faz e nunca ficar<br />
parado. Sempre se atualizar, sempre estar por<br />
dentro do que está acontecendo e eu acho que o<br />
conhecimento você vai adquirindo com o tempo<br />
Eu acho que é por aí, você estar sempre em busca,<br />
você nunca tem o conhecimento completo<br />
de tudo, você tem que ir em busca dele ca<strong>da</strong> vez<br />
mais . (Professora de Português, três anos de<br />
Magistério).<br />
Essas três concepções de conhecimento<br />
foram as concepções que mais se destacaram<br />
na opinião dos professores participantes desse<br />
estudo. A próxima categoria trata de uma questão<br />
correlata, pois diz respeito aos conhecimentos<br />
que os professores consideram mais<br />
relevantes para o exercício do ato de ensinar.<br />
O conhecimento do conteúdo e o<br />
relacionamento com o aluno<br />
Essa questão teve como objetivo identificar<br />
uma questão importante que retrata muito bem<br />
a noção que os professores têm sobre os conhecimentos<br />
exigidos para exercer o Magistério<br />
de maneira competente. Foi possível<br />
perceber que a grande maioria dos participantes<br />
desse estudo considera o conhecimento do<br />
conteúdo e o conhecimento pe<strong>da</strong>gógico, isto é,<br />
como repassar ao aluno este conhecimento específico<br />
de suas disciplinas como os conheci-<br />
mentos mais relevantes. Vejamos as opiniões<br />
que expressam melhor essa visão:<br />
O conhecimento dos conteúdos para passar para<br />
os alunos e as dinâmicas para facilitar o conhecimento<br />
e o aprendizado dos alunos. (Professora<br />
de Biologia, quinze anos de Magistério).<br />
Conhecimento mais relevante? (pausa). Tanto é o<br />
do conteúdo <strong>da</strong> história, não dá para colocar em<br />
termos de mais relevante, mas eu acho que o conteúdo<br />
é fun<strong>da</strong>mental, mas é também o conhecimento<br />
<strong>da</strong>s relações sociais <strong>da</strong> escola, <strong>da</strong> relação<br />
professor-aluno, <strong>da</strong> experiência adquiri<strong>da</strong> no diaa-dia<br />
e a compreensão <strong>da</strong> história <strong>da</strong> educação. O<br />
professor que não tem a compreensão <strong>da</strong> história<br />
<strong>da</strong> educação e como se constroem as relações<br />
sociais ele acaba não conseguindo fazer a transposição<br />
metodológica, porque o trabalho metodológico<br />
essa transposição do conhecimento ela<br />
é resultado <strong>da</strong> interação que se desenvolve entre<br />
conhecimento teórico e a prática pe<strong>da</strong>gógica e<br />
uma prática que vai se construir. (Professora e<br />
História, 18 anos de magistério).<br />
É importante enfatizar que, embora ca<strong>da</strong> um<br />
a sua maneira, os professores têm uma boa<br />
noção de que para exercer o Magistério é preciso<br />
muito mais do que simplesmente o conhecimento<br />
científico. Para eles, é preciso refletir<br />
a respeito <strong>da</strong>s questões <strong>da</strong> escola e <strong>da</strong> educação<br />
de uma maneira mais ampla. Entendem,<br />
ain<strong>da</strong>, que há outros conhecimentos que os professores<br />
têm que pensar, discutir e aprofun<strong>da</strong>r.<br />
Isso, em parte, corrobora a opinião de vários<br />
autores já citados na revisão <strong>da</strong> literatura.<br />
No entanto, alguns professores foram categóricos<br />
ao afirmar que o mais importante para<br />
eles era o conteúdo específico <strong>da</strong> disciplina, pois<br />
acreditam que sem esse conhecimento fica quase<br />
impossível adentrar a sala de aula. A seguir,<br />
opiniões de professores que expressam bem<br />
essa concepção:<br />
O mais importante para mim é o conhecimento<br />
específico. Na ver<strong>da</strong>de, o conteúdo. (Professor<br />
de Matemática, cinco anos de Magistério).<br />
Eu acho que é fun<strong>da</strong>mental o domínio do conteúdo<br />
que tem que ser <strong>da</strong>do. Se você não tem<br />
esse domínio, irá para a sala de aula inseguro.<br />
Conhecer também a história <strong>da</strong> Ciência é fun<strong>da</strong>mental.<br />
(Professor de Física, oito anos e magistério).<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 227-238, jan./jun., 2006 233