Revista da FAEEBA Educação e Contemporaneidade - Uneb
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finalmente, a edição em livro. Os <strong>da</strong>dos levantados<br />
mostram, primeiro, que o percentual de pretos<br />
e pardos, em 1998, era de 41,8% e que eles<br />
se encontravam em cursos considerados na socie<strong>da</strong>de<br />
como de baixo prestígio. Segundo, que o<br />
sistema de classificação racial brasileiro era absorvido<br />
e reproduzido em um ambiente universitário,<br />
tanto as cinco categorias do IBGE (preto,<br />
pardo, branco, amarelo e indígena) quanto às<br />
varia<strong>da</strong>s categorias de “uso múltiplo” no cotidiano<br />
como negro, moreno, moreno claro, escuro,<br />
preto e mulato eram auto-identificadoras para<br />
aqueles que ingressaram nas universi<strong>da</strong>des públicas<br />
federais. Terceiro, ao trabalhar com uma<br />
série histórica (1993-1998), podemos perceber<br />
como a perversão do sistema era contínua. Os<br />
negros tinham um crescimento na seleção <strong>da</strong><br />
UFBA, mas isso ocorria em cursos considerados<br />
de baixo prestígio. Os ingressos em cursos<br />
como Medicina, Odontologia, Direito se autodeclaravam<br />
brancos, haviam estu<strong>da</strong>do em escolas<br />
particulares e a escolari<strong>da</strong>de dos seus pais<br />
era de nível superior.<br />
Destaco a importância desse estudo para a<br />
Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia, posto que ele muito<br />
nos auxiliou na elaboração <strong>da</strong> proposta de ações<br />
afirmativas aprova<strong>da</strong>. Ao contrário de universi<strong>da</strong>des<br />
cuja decisão pelas cotas foi toma<strong>da</strong> pela<br />
Assembléia Legislativa, ou mesmo por determinações<br />
de percentuais que não têm nenhuma con-<br />
sistência com a distribuição de estu<strong>da</strong>ntes negros<br />
e de escolas públicas nessas universi<strong>da</strong>des, a<br />
UFBA teve um referencial objetivo para compor<br />
uma proposta. Os <strong>da</strong>dos demonstrados com acui<strong>da</strong>de<br />
no trabalho original indicam que não se tratava<br />
somente de um trabalho original, mas de uma<br />
pesquisa que foi traduzi<strong>da</strong> em política pública. Não<br />
é à toa que a proposta do governo que tramita no<br />
Congresso Nacional teve como inspiração aquela<br />
adota<strong>da</strong> pela UFBA, que, por sua vez, amparouse<br />
em <strong>da</strong>dos coletados e analisados por Delcele<br />
Queiroz.<br />
Infelizmente, a editora optou por publicar<br />
somente dois capítulos <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> tese, pois no<br />
trabalho original vemos o desempenho dos estu<strong>da</strong>ntes<br />
oriundos <strong>da</strong>s escolas públicas e priva<strong>da</strong>s<br />
em cursos como Medicina, ao longo de quatro<br />
anos. E, nesse momento, em que mais de<br />
dez universi<strong>da</strong>des públicas adotaram o sistema<br />
de cotas, a análise de desempenho dos estu<strong>da</strong>ntes<br />
“cotistas” é fun<strong>da</strong>mental para uma avaliação<br />
crítica <strong>da</strong>s políticas recentemente adota<strong>da</strong>s.<br />
De todo modo, o mérito de transformar<br />
em livro uma publicação anteriormente restrita<br />
a especialistas traduz-se como o reconhecimento<br />
do ineditismo deste trabalho.<br />
Recebido em 05.07.05<br />
Aprovado em 01.05.06<br />
<strong>Revista</strong> <strong>da</strong> <strong>FAEEBA</strong> – <strong>Educação</strong> e Contemporanei<strong>da</strong>de, Salvador, v. 15, n. 25, p. 268-269, jan./jun., 2006 269