Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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as tentativas <strong>de</strong> chamá-los a conversar eram geralmente<br />
malsucedidas, embora às vezes apontassem para algum<br />
objeto mencio<strong>na</strong>do ou usassem alguma palavra idiossincrática<br />
para nomeá-lo.<br />
A fala <strong>de</strong> um com o outro era estreitamente vinculada<br />
à ação, e marcava o caráter emocio<strong>na</strong>l das ativida<strong>de</strong>s. Uma<br />
análise <strong>de</strong> suas falas ao longo <strong>de</strong> oito sessões <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>iras<br />
mostrou que cerca <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong>las consistiam em frases<br />
expressivas amorfas, que eram incompreensíveis se não se<br />
pu<strong>de</strong>sse ver o que as crianças estavam fazendo. Mesmo<br />
usando muitas palavras comuns, o seu significado permanecia<br />
instável, lembrando a fala <strong>de</strong> crianças normais <strong>de</strong><br />
dois ou três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Estas características da fala <strong>de</strong><br />
Yura e Liosha contrastavam agudamente com a <strong>de</strong> seus<br />
colegas, que haviam progredido muito em seu domínio da<br />
gramática e da semântica da língua russa.<br />
Com base em nossa crença que a fala é o mecanismo<br />
responsável pela construção e manutenção das ativida<strong>de</strong>s<br />
cognitivas mediadas e culturalmente <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das, atribuímos<br />
o primarismo das brinca<strong>de</strong>iras dos gêmeos ao caráter<br />
<strong>de</strong> sua fala, indiferenciada e amarrada às situações<br />
concretas. Além disso, e baseados no mesmo princípio, esperávamos<br />
observar outras diferenças entre seus comportamentos<br />
e o <strong>de</strong> outras crianças. Enquanto a fala dos gêmeos<br />
permanecesse difusa e presa à ação, não serviria ao<br />
papel <strong>de</strong> regular eficientemente seu comportamento. Não<br />
usando os significados que os adultos atribuíam às palavras,<br />
eles estavam como que isolados das ferramentas <strong>de</strong> pensamento<br />
proporcio<strong>na</strong>das por sua cultura. Essa característica<br />
da fala dos gêmeos transparecia <strong>na</strong> ausência prática <strong>de</strong> fala<br />
<strong>na</strong>rrativa e <strong>de</strong> fala com função planejadora, isto é, que pu<strong>de</strong>sse<br />
guiar as ações das crianças. As falas planejadoras ou<br />
reguladoras mais sofisticadas que ouvimos neste período inicial<br />
consistiam em algumas frases curtas, como "Liulia<br />
(Yura), atire aqui, você aqui" e mesmo esses poucos exemplos<br />
estavam ligados ao que as crianças estavam fazendo <strong>na</strong><br />
hora.<br />
Quando os gêmeos já haviam se acostumado ao jardim<br />
<strong>de</strong> infância e nós já havíamos feito estas observações<br />
prelimi<strong>na</strong>res, empreen<strong>de</strong>mos um experimento para ver se<br />
conseguíamos transformar o nível da fala <strong>de</strong>les num tempo<br />
bem curto, e assim produzir uma mudança em suas<br />
funções mentais. Começamos com um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />
meses durante os quais os gêmeos foram separados, o que<br />
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