Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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te logo após a chegada <strong>na</strong> Ásia Central e tenha tido que retor<strong>na</strong>r<br />
para casa, Alexan<strong>de</strong>r Romanovich e seus colegas<br />
completaram o segundo verão <strong>de</strong> experimentações. Este<br />
trabalho que começou com altas esperanças e i<strong>de</strong>ais, acarretou<br />
em conseqüências muito mais perigosas e complexas<br />
que qualquer um, <strong>na</strong>quela época, po<strong>de</strong>ria ter antecipado.<br />
O entusiasmo <strong>de</strong> Alexan<strong>de</strong>r Romanovich pela pesquisa<br />
era enorme. Ele e Vygotsky estavam particularmente<br />
ansiosos por <strong>de</strong>monstrar que os princípios gestaltianos <strong>de</strong><br />
percepção não eram resultado <strong>de</strong> características intrínsecas<br />
do cérebro, mas sim <strong>de</strong> modos <strong>de</strong> percepção intimamente<br />
ligados ao significado culturalmente transmitido<br />
dos objetos. Um dos primeiros experimentos <strong>de</strong>monstrou a<br />
ausência quase total das ilusões visuais clássicas, o que<br />
levou Alexan<strong>de</strong>r Romanovich a telegrafar em entusiasmo a<br />
seu amigo e professor Vygotsky: "Os uzbekes não têm ilusões!".<br />
O prazer com que ele antecipou a comunicação <strong>de</strong>sta<br />
<strong>de</strong>scoberta a seus colegas alemães po<strong>de</strong> ser facilmente<br />
imagi<strong>na</strong>do.<br />
Infelizmente, o trabalho <strong>de</strong> Alexan<strong>de</strong>r Romanovich <strong>de</strong>monstrou<br />
ser problemático. O tema central do <strong>de</strong>bate em<br />
1932-1933, esboçado <strong>na</strong> reação <strong>de</strong> Frankel ao Estudos da<br />
História do Comportamento, estava ligado ao conceito <strong>de</strong><br />
cultura e à <strong>na</strong>tureza da ligação entre a cultura e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
individual. Nas <strong>de</strong>scrições que Alexan<strong>de</strong>r Romanovich<br />
fez <strong>de</strong> sua expedição, assim como em todos seus<br />
outros escritos daquele período, o uso que fez do termo<br />
cultura era <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> uma tradição do pensamento europeu,<br />
especialmente do alemão, do século <strong>de</strong>zenove. A cultura,<br />
<strong>na</strong> tradição dos românticos alemães, era associada à<br />
progressiva acumulação das melhores características da<br />
raça huma<strong>na</strong> e <strong>na</strong> ciência, <strong>na</strong> arte e <strong>na</strong> tecnologia, todas<br />
as realizações que refletissem o crescente controle da humanida<strong>de</strong><br />
sobre a <strong>na</strong>tureza, e sua libertação da domi<strong>na</strong>ção<br />
dos reflexos, do instinto e do hábito cego. Este significado<br />
<strong>de</strong> cultura, ainda existente, or<strong>de</strong><strong>na</strong> as socieda<strong>de</strong>s huma<strong>na</strong>s<br />
numa escala evolutiva. As socieda<strong>de</strong>s que possuem<br />
sistemas <strong>de</strong> escrita e tecnologias avançadas são consi<strong>de</strong>radas<br />
mais cultas ou mais avançadas que as socieda<strong>de</strong>s que<br />
não possuem tais ferramentas. Como a escola cultural-histórica<br />
sustentava que o <strong>de</strong>senvolvimento dos processos<br />
psicológicos superiores procedia <strong>de</strong> acordo com os meios<br />
culturalmente organizados <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> intelectual, entre<br />
os quais a escrita era consi<strong>de</strong>rada primária, a conseqüên-<br />
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