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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa

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nos casos em que sua imagem inter<strong>na</strong> entrava em conflito<br />

com a situação real, ele se perdia. "Eu tinha que ir à corte,<br />

e me preparei", ele me disse. "Eu havia imagi<strong>na</strong>do o juiz<br />

sentado lá, e eu lá, <strong>de</strong> pé... Mas quando eu cheguei no tribu<strong>na</strong>l,<br />

tudo era diferente. Me perdi e não consegui apresentar<br />

meu <strong>de</strong>poimento".<br />

Toda a perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sherashevsky era <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da<br />

por suas fantásticas capacida<strong>de</strong>s, Quando criança, ele<br />

era um sonhador cujas fantasias se revestiam <strong>de</strong> imagens<br />

extremamente vívidas, que se constituíam num mundo paralelo<br />

através do qual ele transformava as experiências da<br />

vida cotidia<strong>na</strong>. Ele tendia a não perceber a distinção entre<br />

a realida<strong>de</strong> e o que ele mesmo "via". Por exemplo: "Eu tive<br />

este hábito por algum tempo: talvez eu o pratique mesmo<br />

hoje. Eu olharia para o relógio, e por muito tempo continuaria<br />

vendo os ponteiros parados on<strong>de</strong> estavam, sem perceber<br />

que o tempo passava ... e é por isto que estou com<br />

freqüência atrasado" (Registro, outubro <strong>de</strong> 1934).<br />

Seus sonhos tor<strong>na</strong>ram-se um substituto para a ação<br />

<strong>na</strong> medida em que se baseavam <strong>na</strong>s suas próprias experiências,<br />

que haviam se convertido em imagens. Esta capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> "ver" a si mesmo, <strong>de</strong> "separar-se <strong>de</strong> si mesmo",<br />

<strong>de</strong> converter suas experiências e ativida<strong>de</strong>s <strong>na</strong> imagem <strong>de</strong><br />

uma outra pessoa que seguia suas instruções, era <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> valia <strong>na</strong> regulação <strong>de</strong> seu comportamento, como,<br />

por exemplo, quando ele controlava seus processos involuntários.<br />

Mas, às vezes, este separar-se <strong>de</strong> si mesmo interferia<br />

sobre seu completo controle sobre seu comportamento;<br />

o "ele" visto por Sherashevsky escaparia <strong>de</strong> seu<br />

controle e passaria a operar automaticamente.<br />

Como toda a perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sherashevsky era conformada<br />

por sua notável memória, pu<strong>de</strong> estudar a estrutura<br />

<strong>de</strong> sua mente do mesmo jeito que estudava síndromes.<br />

Já o segundo livro em que utilizei a abordagem da ciência<br />

romântica não se baseou numa capacida<strong>de</strong> extraordinária,<br />

mas numa catástrofe que <strong>de</strong>vastou o potencial intelectual<br />

<strong>de</strong> um homem. Um estilhaço <strong>de</strong> bomba feriu um jovem,<br />

<strong>de</strong>struindo o lobo parietal do hemisfério esquerdo <strong>de</strong> seu<br />

cérebro. Seu mundo se fragmentou. Esqueceu seu nome,<br />

seu en<strong>de</strong>reço. Todas as palavras <strong>de</strong>sapareceram. Ele o<br />

<strong>de</strong>screveu mais tar<strong>de</strong>: "Devido àquela ferida eu me tor<strong>na</strong>ra<br />

uma pessoa anormal... era anormal porque tinha muita<br />

amnésia e por muito tempo não tive qualquer traço <strong>de</strong><br />

lembranças ... estou sempre num nevoeiro, como num<br />

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