Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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Comecei estudando construções-mo<strong>de</strong>lo do tipo "irmão<br />
do pai" ou "pai do irmão", construções estas que incluem<br />
a forma atributiva <strong>de</strong> caso genitivo. Meus pacientes<br />
eram incapazes <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r estas construções, que em<br />
russo têm a forma <strong>de</strong> otets brata e <strong>de</strong> brat otsa, respectivamente,<br />
mas entendiam outras formas <strong>de</strong> caso genitivo,<br />
como o genitivo <strong>de</strong> partes, em "pedaço <strong>de</strong> pão", kusok khleba.<br />
Comecei a compreen<strong>de</strong>r que <strong>na</strong>s construções genitivas<br />
atributivas havia um conflito entre as duas palavras,<br />
que <strong>de</strong>mandava da pessoa que realizasse uma transformação<br />
mental para superar o conflito e enten<strong>de</strong>r a frase. Era<br />
necessário abstrair o significado imediato e concreto das<br />
palavras "do irmão" (N. do T.: em russo, a locução adjetiva<br />
"do irmão" não é composta por duas palavras, mas sim por<br />
uma só, brata, muito semelhante à palavra "irmão", brat),<br />
e converter o conteúdo semântico do substantivo no conteúdo<br />
semântico do adjetivo; mentalmente, era necessário<br />
inverter a seqüência das palavras. Em russo, os adjetivos<br />
prece<strong>de</strong>m os substantivos, como em ukusnyi khleb "pão<br />
bom". Mas numa construção como brat otsa "irmão do<br />
pai", a forma genitiva do substantivo "pai" tem a função <strong>de</strong><br />
adjetivo, e no entanto se segue ao substantivo que ela modifica.<br />
Esta transformação só po<strong>de</strong> ser feita se o sentido relativo<br />
da expressão como um todo é compreendido. E essa<br />
era exatamente a transformação que os pacientes eram incapazes<br />
<strong>de</strong> fazer.<br />
Quando estu<strong>de</strong>i a área da lingüística histórica, constatei<br />
que as construções relativas <strong>de</strong>ste tipo haviam aparecido<br />
tardiamente no <strong>de</strong>senvolvimento da língua russa. Estavam<br />
totalmente ausentes das antigas crônicas eslavas.<br />
Ao invés, existem aposições simples: não <strong>de</strong>ti boyar,<br />
"crianças dos boyares", mas sim a expressão mais simples<br />
boyare <strong>de</strong>ti, "crianças boyares". Os antigos textos ingleses<br />
e alemães também aparentavam apresentar uma ausência<br />
<strong>de</strong> construções genitivas atributivas. No alemão, por exemplo,<br />
ao invés <strong>de</strong> Mit Leidschajt <strong>de</strong>r Liebe, tínhamos a aposição<br />
Mit Leidschajt und Liebe. Estas evidências sugeriam<br />
que o genitivo atributivo, construção gramatical especificamente<br />
afetada nos casos da afasia semântica, era uma<br />
construção <strong>de</strong> origem histórica relativamente recente, e <strong>de</strong>mandava<br />
um trabalho mental específico. O genitivo atributivo<br />
é necessário para a comunicação <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> um<br />
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