Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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qual seu papel <strong>de</strong> servos do pensamento clínico seja invertido,<br />
<strong>de</strong> modo que o raciocínio clínico siga os dados instrumentais<br />
como um escravo segue seu senhor.<br />
No último século, quando eram raros os métodos auxiliares<br />
<strong>de</strong> laboratório, a arte da observação e da <strong>de</strong>scrição<br />
clínicas atingiu seu ápice. Não é possível que se leiam as<br />
clássicas <strong>de</strong>scrições dos médicos J. Lourdat, A. Trousseau,<br />
P. Marie, J. Charcot, Wernicke, Korzakoff, Head e A.<br />
Meyer, sem atentar à beleza da arte científica. Hoje esta<br />
arte da observação e da <strong>de</strong>scrição está quase perdida.<br />
Também as observações e <strong>de</strong>scrições simples têm<br />
suas limitações. Po<strong>de</strong>m levar a uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> eventos<br />
imediatamente aparentes que seduza os observadores a<br />
realizarem pseudo-explicações baseadas em seu próprio<br />
entendimento fenomenológico. Este tipo <strong>de</strong> erro coloca em<br />
perigo o papel essencial da análise científica. Mas só é perigoso<br />
quando a <strong>de</strong>scrição fenomenológica é superficial e<br />
incompleta. A observação verda<strong>de</strong>iramente científica evita<br />
estes perigos. A observação científica não é pura <strong>de</strong>scrição<br />
<strong>de</strong> fatos separados. Sua meta principal é visualizar um<br />
evento a partir do maior número possível <strong>de</strong> perspectivas.<br />
O olho da ciência não sonda uma "coisa", um evento isolado<br />
<strong>de</strong> outras coisas ou eventos. Seu verda<strong>de</strong>iro objeto é ver<br />
e enten<strong>de</strong>r a maneira pela qual uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da coisa ou<br />
objeto se relacio<strong>na</strong> a outras coisas e objetos.<br />
Sempre admirei a observação <strong>de</strong> Lenin <strong>de</strong> que um<br />
copo, enquanto objeto científico, só po<strong>de</strong> ser entendido<br />
quando é visto a partir <strong>de</strong> várias perspectivas. No que diz<br />
respeito ao material <strong>de</strong> que é feito, tor<strong>na</strong>-se um objeto da<br />
física; quanto ao seu valor, um objeto da economia; quanto<br />
a sua forma, um objeto <strong>de</strong> estética. Quanto mais isolarmos<br />
relações importantes, mais perto chegamos da essência do<br />
objeto, <strong>de</strong> um entendimento <strong>de</strong> suas qualida<strong>de</strong>s e das regras<br />
<strong>de</strong> sua existência. E quanto mais preservamos toda a<br />
riqueza <strong>de</strong> suas qualida<strong>de</strong>s, mais perto chegaremos das<br />
leis inter<strong>na</strong>s que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m sua existência. Esta perspectiva<br />
levou Karl Marx a <strong>de</strong>screver o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição<br />
científica pela estranha expressão "ascen<strong>de</strong>ndo ao concreto".<br />
A observação e a <strong>de</strong>scrição dos fatos psicológicos <strong>de</strong>ve<br />
seguir o mesmo processo. As observações clínicas e psicológicas<br />
não têm <strong>na</strong>da em comum com o reducionismo do<br />
clacissista. As análises clínicas <strong>de</strong> minhas primeiras pesquisas<br />
vêm ao caso agora. Uma tal análise procura os tra-<br />
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