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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa

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estivesse. Eu queria e não queria que ela aparecesse. E então<br />

pensei: a tabela não está aparecendo agora, e o motivo<br />

está claro - é porque eu não quero que apareça! Aha! Isto<br />

quer dizer que se eu não quiser que a tabela apareça, ela<br />

não o fará. Tudo que era necessário era que eu percebesse<br />

isto!"<br />

Uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Sherashevsky seria i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada se<br />

se limitasse à sua memória. O que era preciso era uma<br />

análise cuidadosa <strong>de</strong> como sua fantástica memória influenciava<br />

seu pensamento, seu comportamento e toda<br />

sua perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>. Durante as décadas que o estu<strong>de</strong>i, tanto<br />

a potência quanto os limites <strong>de</strong> suas capacida<strong>de</strong>s intelectuais<br />

tor<strong>na</strong>ram-se muito claros. Quando ele conseguia<br />

imagi<strong>na</strong>r todos os dados <strong>de</strong> um problema, ele conseguia lidar<br />

com ele mais rápida e eficientemente que as pessoas<br />

com memórias normais. Ele se envolvia mais com as <strong>na</strong>rrativas<br />

do que a maioria das pessoas, nunca perdia um<br />

único <strong>de</strong>talhe, e freqüentemente via contradições que os<br />

próprios autores haviam <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> perceber. Suas soluções<br />

a enigmas tinham uma alta qualida<strong>de</strong> estética.<br />

Mas o uso que fazia das imagens imediatas, visuais e<br />

sinestéticas, para a resolução <strong>de</strong> problemas apresentava<br />

algumas dificulda<strong>de</strong>s que ele não conseguia superar. Por<br />

exemplo, quando lia uma passagem <strong>de</strong> algum texto, cada<br />

palavra produzia uma imagem. Logo que começava uma<br />

frase, as imagens apareciam; enquanto lia, mais imagens<br />

eram evocadas. Se alguma passagem fosse lida para ele rapidamente,<br />

as imagens colidiriam entre si <strong>na</strong> sua mente;<br />

amontoar-se-iam uma sobre a outra e distorcer-se-iam. O<br />

problema era, então, como enten<strong>de</strong>r qualquer coisa. Se um<br />

texto fosse lido bem <strong>de</strong>vagar, isto também apresentaria<br />

problemas: "Eu estava lendo esta frase: 'N. se recli<strong>na</strong>va<br />

contra uma árvore'. Vi um homem esguio vestido com um<br />

terno azul marinho (o N, você sabe, é tão elegante). Se encontrava<br />

perto <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> tília, ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> grama e<br />

ma<strong>de</strong>iras... Mas a frase continuava: 'e olhava por uma vitrine<br />

<strong>de</strong> loja'. Mas essa agora! Quer dizer que a ce<strong>na</strong> não<br />

se dá <strong>na</strong> floresta, ou num jardim, mas no meio da rua. E<br />

eu tenho que voltar novamente ao começo da frase" (Registro,<br />

março <strong>de</strong> 1937).<br />

Assim, o entendimento <strong>de</strong> uma passagem, a absorção<br />

da informação contida nela, era um processo tortuoso para<br />

Sherashevsky. As imagens permanentemente ascendiam à<br />

superfície <strong>de</strong> sua mente, e ele lutava continuamente con-<br />

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