Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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teríamos que apren<strong>de</strong>r se quiséssemos fazer do estudo da<br />
dissolução das funções psicológicas superiores uma parte<br />
integral <strong>de</strong> nosso campo <strong>de</strong> ação. Percebemos que teríamos<br />
<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r um estudo do cérebro e <strong>de</strong> sua organização<br />
funcio<strong>na</strong>l e conduzir investigações clínicas, em lugar<br />
da abordagem experimental que havíamos utilizado até então.<br />
Também sabíamos que o sucesso <strong>de</strong> nosso trabalho<br />
<strong>de</strong>pendia <strong>de</strong> um entendimento muito mais elaborado da<br />
estrutura das funções psicológicas superiores, uma linha<br />
<strong>de</strong> investigação que <strong>na</strong> época ainda vivia em sua infância.<br />
Intrépidos, ingressamos <strong>na</strong> escola médica. Retomei o<br />
trei<strong>na</strong>mento em medici<strong>na</strong> no fi<strong>na</strong>l da década <strong>de</strong> 20, começando<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu havia parado, já havia anos, em Kazan.<br />
Vygotsky também iniciou seu trei<strong>na</strong>mento. Professores<br />
numa escola e alunos em outra, simultaneamente estudávamos,<br />
ensinávamos e conduzíamos nossas pesquisas.<br />
No início da década <strong>de</strong> 30, fez-se presente uma fértil<br />
base para nosso trabalho, quando recebemos o convite<br />
para estabelecer um <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> psicologia <strong>na</strong> Aca<strong>de</strong>mia<br />
Psiconeurológica Ucrania<strong>na</strong> <strong>de</strong> Kharkov. Passei a dividir<br />
meu tempo entre Kharkov e Moscou, enquanto Vygotsky<br />
dividiu o seu entre Moscou, Leningrado e Kharkov. Foi<br />
em Kharkov que comecei a criar novos métodos para a<br />
análise psicológica das conseqüências <strong>de</strong> lesões cerebrais<br />
localizadas. Mas meu tempo ainda estava muito ocupado<br />
por outros trabalhos. Vivi esta existência dupla até 1936,<br />
quando passei a me <strong>de</strong>dicar à escola médica em tempo integral.<br />
Depois <strong>de</strong> passar por meus exames da Primeira Escola<br />
Médica <strong>de</strong> Moscou em 1937, me aproximei <strong>de</strong> N. S.<br />
Bour<strong>de</strong>nko, neurocirurgião que era o diretor do Instituto<br />
<strong>de</strong> Neurocirurgia (hoje nomeado em sua home<strong>na</strong>gem), para<br />
pleitear uma vaga como interno no Instituto. Planejava<br />
trei<strong>na</strong>r-me <strong>na</strong> prática neurológica, ao mesmo tempo em<br />
que <strong>de</strong>senvolvia métodos psicológicos para o diagnóstico<br />
das lesões cerebrais localizadas. Não sei se o professor<br />
Bour<strong>de</strong>nko enten<strong>de</strong>u ou aprovou meus planos. Mas <strong>de</strong>ve<br />
ter consi<strong>de</strong>rado que valia a pe<strong>na</strong> ter um professor <strong>de</strong> psicologia<br />
em sua equipe, pois me aceitou.<br />
Os dois anos que passei como interno do Instituto <strong>de</strong><br />
Neurocirurgia foram os mais frutíferos <strong>de</strong> minha vida. Eu<br />
não tinha uma equipe e nem qualquer responsabilida<strong>de</strong><br />
científica que não o trabalho médico <strong>de</strong> roti<strong>na</strong>. Durante<br />
meu tempo livre me <strong>de</strong>dicava à minha própria pesquisa.<br />
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