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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa

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Kornilov, um dos estudantes <strong>de</strong> Chelpanov, havia <strong>de</strong>senvolvido<br />

uma técnica que, segundo ele, po<strong>de</strong>ria medir o<br />

esforço mental. Trabalhando com variações sobre o paradigma<br />

do tempo <strong>de</strong> reação, Kornilov servia-se <strong>de</strong> um engenho<br />

que media a força e a duração <strong>de</strong> reações motoras. Ele<br />

supunha que um organismo possuía uma medida fixa <strong>de</strong><br />

energia, que seria partilhada pelos sistemas mental e motor.<br />

Quanto maior a energia <strong>de</strong>spendida no componente<br />

mental <strong>de</strong> uma ação, menor seria a fração <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>da ao<br />

componente motor. Kornilov ingenuamente supôs que sua<br />

técnica po<strong>de</strong>ria medir esta "energia". Previu que a força<br />

motora seria máxima <strong>na</strong>s reações simples, menor <strong>na</strong>s reações<br />

durante as quais o sujeito teria que escolher entre<br />

dois estímulos, e menor ainda <strong>na</strong>s respostas que envolvessem<br />

escolhas associativas complexas. É claro que Kornilov<br />

nunca mediu a energia mental diretamente. Simplesmente<br />

afirmou tê-la medido, baseado em suas suposições.<br />

Também afirmou ter criado uma abordagem materialista<br />

do estudo da mente, que, ele supunha, englobava<br />

toda ativida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong> e era coerente com Marx e Engels.<br />

Ainda que sua abordagem, que ele <strong>de</strong>nominou "reactologia",<br />

fosse ingênua, <strong>na</strong>turalista e mecanicista, parecia conter<br />

uma alter<strong>na</strong>tiva à psicologia abertamente i<strong>de</strong>alista <strong>de</strong><br />

Chelpanov. Assim, em 1923, Chelpanov <strong>de</strong>sistiu do cargo<br />

<strong>de</strong> diretor do instituto, e Kornilov foi nomeado o novo diretor.<br />

A filosofia marxista, um dos sistemas <strong>de</strong> pensamento<br />

mais complexos do mundo, foi assimilada lentamente pelos<br />

eruditos soviéticos, entre os quais me incluo. Para falar<br />

a verda<strong>de</strong>, nunca cheguei a domi<strong>na</strong>r o Marxismo tanto<br />

quanto <strong>de</strong>sejava. Ainda consi<strong>de</strong>ro esta uma das maiores<br />

falhas <strong>de</strong> minha educação. Não <strong>de</strong>ve surpreen<strong>de</strong>r, portanto,<br />

que embora <strong>na</strong>quela época muitas discussões evocassem<br />

o Marxismo, elas não se davam num terreno lá muito<br />

sólido. De qualquer maneira, a meta <strong>de</strong> reconstruir a psicologia<br />

sobre bases materialistas, colocada explicitamente<br />

por Kornilov, foi <strong>na</strong> época um passo à frente. Tornou possível<br />

dar ao trabalho no Instituto um sentido mais produtivo,<br />

e arregimentar hordas <strong>de</strong> jovens acadêmicos para ajudar<br />

<strong>na</strong> indispensável reconstrução da psicologia. Assim, a<br />

razão pela qual meu trabalho era atraente para Kornilov<br />

<strong>de</strong>ve ficar clara: viu em mim um reflexo <strong>de</strong> seus próprios<br />

preconceitos.<br />

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