Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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preensão <strong>de</strong> parágrafos inteiros, textos e <strong>na</strong>rrativas. Uma<br />
discussão completa <strong>de</strong>stes temas será encontrada em meu<br />
livro Problemas Básicos <strong>de</strong> Neurolingüística. Ao invés <strong>de</strong><br />
multiplicar os exemplos, vou apresentar um exemplo único,<br />
que tor<strong>na</strong>rá claras as maneiras pelas quais as várias<br />
discipli<strong>na</strong>s que contribuem para o entendimento <strong>de</strong> uma<br />
ativida<strong>de</strong> tão complexa quanto a linguagem <strong>de</strong>vem ser<br />
combi<strong>na</strong>das para que se <strong>de</strong>sven<strong>de</strong> sua organização cerebral.<br />
O exemplo se relacio<strong>na</strong> ao fenômeno conhecido como<br />
"imitação solicitada" pela literatura sobre a linguagem infantil,<br />
enquanto que <strong>na</strong> afasiologia é referido como "afasia<br />
<strong>de</strong> condução".<br />
Em 1875, Wernicke <strong>de</strong>screveu uma forma especial <strong>de</strong><br />
afasia, <strong>na</strong> qual o paciente mantinha um entendimento perfeito<br />
da fala a ele dirigida, e até certo ponto era capaz <strong>de</strong><br />
produzir espontaneamente uma fala coerente, mas não<br />
conseguia repetir sons, palavras ou frases. Este fenômeno<br />
era consi<strong>de</strong>rado paradoxal, pois ao mesmo tempo em que o<br />
paciente fazia afirmações muito elaboradas, era totalmente<br />
incapaz <strong>de</strong> repetir mesmo as frases mais simples apresentadas<br />
pelo médico. A hipótese <strong>de</strong> Wernicke era a <strong>de</strong> que<br />
este distúrbio era causado por um rompimento das conexões<br />
diretas entre os "centros <strong>de</strong> fala" sensoriais e motores,<br />
embora cada um <strong>de</strong>sses centros permanecesse intacto,<br />
e também mantivesse suas conexões com hipotéticos<br />
"centros superiores". Nos anos seguintes, diversos casos<br />
semelhantes foram registrados, e o conceito <strong>de</strong> um tipo especial<br />
<strong>de</strong> afasia <strong>de</strong> condução foi passado adiante por diversas<br />
publicações <strong>de</strong> compêndios.<br />
Como freqüentemente acontece com esquemas simples,<br />
os dados contraditórios foram relegados a segundo<br />
plano. Quando <strong>de</strong>frontados com a assim chamada afasia<br />
<strong>de</strong> condução, os pesquisadores notaram que em alguns<br />
pacientes a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> repetir palavras parecia advir <strong>de</strong><br />
uma dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomear objetos; em outros casos, os<br />
objetos isolados eram nomeados, mas a repetição <strong>de</strong> material<br />
mais complexo era impossível. Foram também observadas<br />
dificulda<strong>de</strong>s envolvendo a fala <strong>na</strong>rrativa, que hipoteticamente<br />
estaria sob controle exclusivo <strong>de</strong> centros superiores.<br />
Na minha opinião, os princípios <strong>de</strong> um entendimento<br />
<strong>de</strong>ste fenômeno não vieram <strong>de</strong> uma abordagem exclusivamente<br />
lingüística ou estritamente neurológica, mas <strong>de</strong><br />
uma análise psicológica <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> realizada por uma<br />
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