Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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pessoa que repete o que outra pessoa fala. Já em 1870,<br />
Jackson sugeriu que a nomeação <strong>de</strong> objetos e a repetição<br />
<strong>de</strong> palavras isoladas não são formas mais elementares ou<br />
<strong>na</strong>turais <strong>de</strong> fala. Numa série <strong>de</strong> investigações, Goldstein<br />
<strong>de</strong>dicou especial atenção à importância <strong>de</strong> se realizar uma<br />
análise psicológica da repetição da fala. Seu argumento<br />
era que nem a nomeação <strong>de</strong> objetos isolados nem a repetição<br />
<strong>de</strong> palavras seriam a base da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fala mais<br />
<strong>na</strong>tural. Ao invés, a forma básica <strong>de</strong> comunicação através<br />
da fala seria a formulação <strong>de</strong> idéias como proposições unificadas,<br />
inteiras, que estariam intimamente ligadas às motivações<br />
e às condições da ativida<strong>de</strong> <strong>na</strong> qual o indivíduo<br />
está engajado. Quando o neurologista pe<strong>de</strong> ao paciente<br />
que repita frases arbitrárias e totalmente <strong>de</strong>sligadas <strong>de</strong><br />
qualquer ação prática, está <strong>na</strong> verda<strong>de</strong> pedindo a ele que<br />
se engaje numa abstração da fala em relação à ação, ao<br />
mesmo tempo em que pe<strong>de</strong> que ele fale.<br />
A <strong>de</strong>scoberta principal da análise <strong>de</strong> Goldstein recebeu<br />
apoio <strong>de</strong> uma fonte muito diferente. Há muito tempo,<br />
Piaget, além <strong>de</strong> Vygotsky e estudantes, <strong>de</strong>scobriu que,<br />
mesmo <strong>de</strong>pois que as crianças novas haviam aprendido a<br />
falar, ainda tinham dificulda<strong>de</strong> em realizar tarefas muito<br />
simples <strong>de</strong> imitação, em que tudo que <strong>de</strong>veriam fazer era<br />
repetir a ação ou frase realizada por um adulto. Recentemente,<br />
Daniel Slobin e seus colegas nos Estados Unidos fizeram<br />
um estudo da fala espontânea <strong>de</strong> uma criança em<br />
casa. De tempo em tempo, pediriam à criança que repetisse<br />
algo que falara minutos antes. Além <strong>de</strong> confirmar as observações<br />
feitas há meio século, e que hoje reaparecem no<br />
contexto do campo em expansão da psicolingüística do <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
Slobin observou que a fala espontânea da<br />
criança era organizada segundo as motivações que guiavam<br />
seu comportamento como um todo; privada da motivação<br />
organizadora, a fala da criança perdia seu princípio<br />
diretor. A "<strong>de</strong>ficiência" da criança representa aquele fenômeno<br />
que seria chamado <strong>de</strong> afasia <strong>de</strong> condução, se Slobin,<br />
ao invés <strong>de</strong> trabalhar com uma criança saudável <strong>de</strong> dois<br />
anos, estivesse trabalhando com um adulto que tivesse sofrido<br />
um lesão cerebral.<br />
Como a abordagem geral proposta por Vygotsky formava<br />
a base <strong>de</strong> nossa pesquisa, adotamos a proposição<br />
fundamental segundo a qual a mudança do objetivo <strong>de</strong><br />
uma tarefa leva inevitavelmente a uma mudança significativa<br />
<strong>na</strong> estrutura dos processos psicológicos que a levam a<br />
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