Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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sua frente pairava a noção <strong>de</strong> uma ciência unificada do<br />
homem, em que a distinção entre o laboratório e a vida cotidia<strong>na</strong><br />
fosse tor<strong>na</strong>da irrelevante.<br />
Para criar uma tal ciência, ele precisava <strong>de</strong>senvolver<br />
suas bases teóricas em conjunto com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> técnicas experimentais. Alexan<strong>de</strong>r Romanovich viu<br />
numa versão experimental da psicanálise a promessa <strong>de</strong><br />
uma abordagem que transpusesse o vão entre a pesquisa<br />
experimental e objetiva, mas árida, da psicologia estrutural<br />
alemã, e a psicologia <strong>de</strong>scritiva humanista <strong>de</strong> Dilthey.<br />
Mas o que faltou a suas formulações, e que era o que Moscou<br />
à época exigia, era uma maneira <strong>de</strong> ligar as teorias<br />
psicológicas e sócio-históricas, como sugeria a obra <strong>de</strong><br />
Marx e Angels. Fossem quais fossem os pontos fortes e os<br />
pontos fracos <strong>de</strong> uma teoria psicológica, sua eventual aceitação<br />
<strong>de</strong>pendia muito <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> "metodologia". No<br />
jargão soviético, "metodologia" se refere às premissas e à<br />
lógica da abordagem geral a um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do tema. Nenhuma<br />
teoria psicológica que não tomasse o Marxismo<br />
como ponto <strong>de</strong> partida po<strong>de</strong>ria obter sucesso.<br />
No inverno <strong>de</strong> 1924, num artigo intitulado "A Psicanálise<br />
como uma Teoria <strong>de</strong> Psicologia Monística", Alexan<strong>de</strong>r<br />
Romanovich realizou sua primeira contribuição ao <strong>de</strong>bate<br />
sobre como criar uma psicologia propriamente marxista.<br />
A psicanálise e o Marxismo, ele sugeriu, compartilhavam<br />
<strong>de</strong> quatro importantes suposições. Em primeiro lugar,<br />
ambos sustentavam ser o mundo um sistema único<br />
<strong>de</strong> processos materiais, dos quais a vida huma<strong>na</strong>, e os<br />
processos psicológicos em particular, seriam ape<strong>na</strong>s uma<br />
das manifestações. Em segundo lugar, ambos sustentam<br />
que os princípios filosóficos e científicos que se aplicam ao<br />
mundo material se aplicam também ao homem. Como colocou<br />
Alexan<strong>de</strong>r Romanovich, tanto a psicanálise quanto o<br />
materialismo dialético exigem que se "estu<strong>de</strong> objetivamente<br />
... as verda<strong>de</strong>iras relações entre os eventos perceptíveis;<br />
e isto significa não estudá-los em abstrato, mas como são<br />
<strong>na</strong> realida<strong>de</strong>". Ambas as abordagens exigem também que<br />
os eventos sejam estudados "<strong>de</strong> maneira que o conhecimento<br />
que adquirimos nos permita exercer uma influência<br />
ativa sobre eles". E, fi<strong>na</strong>lmente, ambas as abordagens exigem<br />
que os eventos sejam estudados di<strong>na</strong>micamente no<br />
processo <strong>de</strong> mudança: "as influências interagentes do homem<br />
sobre seu ambiente e do ambiente sobre o homem<br />
<strong>de</strong>vem ser mantidas à vista" (Luria, 1925, pp. 8-10).<br />
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