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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa

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<strong>na</strong> escuta fonêmica. Suas lesões também tendiam a ocorrer<br />

<strong>na</strong> área parietotemporal, acima e atrás das lesões características<br />

das afasias que havíamos estudado até então.<br />

Em seguida, vasculhamos a literatura existente, <strong>na</strong><br />

tentativa <strong>de</strong> levantar os sintomas associados a afasia semântica.<br />

Tanto <strong>na</strong>s pesquisas anteriores quanto em nossas<br />

próprias observações constatamos que os pacientes<br />

não tinham dificulda<strong>de</strong> em compreen<strong>de</strong>r o significado <strong>de</strong><br />

idéias complexas, como "causalida<strong>de</strong>", "<strong>de</strong>senvolvimento",<br />

"cooperação". Também eram capazes <strong>de</strong> engajar-se em<br />

conversações abstratas. Mas as dificulda<strong>de</strong>s apareciam<br />

quando se <strong>de</strong>paravam com construções gramaticais complexas<br />

que codificavam relações lógicas. Como apontou<br />

Head em seu trabalho, estas construções gramaticais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

da organização <strong>de</strong> múltiplos <strong>de</strong>talhes num todo<br />

coerente. Estes pacientes encontram uma dificulda<strong>de</strong> quase<br />

intransponível para enten<strong>de</strong>r frases que <strong>de</strong>notam posições<br />

relativas, e não conseguem levar a termo uma instrução<br />

simples como "<strong>de</strong>senhe um triângulo acima <strong>de</strong> um círculo".<br />

Esta dificulda<strong>de</strong> extrapola as falas que codificam relações<br />

espaciais. Frases como "Sonya é mais leve que Natasha"<br />

também são problemáticas para estes pacientes,<br />

assim como o são as expressões <strong>de</strong> relações temporais,<br />

como "a primavera prece<strong>de</strong> o verão".<br />

A análise nos mostra que todas essas relações lógicogramaticais<br />

compartilham <strong>de</strong> uma característica comum:<br />

são expressões verbais <strong>de</strong> relações espaciais, ainda que em<br />

algumas o fator espacial esteja mais explícito que em outras.<br />

Os exemplos que envolvem "acima" ou "à direita <strong>de</strong>"<br />

são muito claros, mas, numa observação mais <strong>de</strong>talhada,<br />

encontramos que, além das relações lineares expressas<br />

por palavras como "antes", há fatores espaciais em expressões<br />

como "o cachorro do mestre" ou "irmão do pai". Um<br />

paciente colocou, <strong>de</strong> maneira particularmente reveladora:<br />

"É claro que eu sei o que são "PAI" e "IRMÃO", mas não<br />

consigo imagi<strong>na</strong>r o que os dois significam juntos".<br />

Todos estes exemplos <strong>de</strong>monstram o erro que está<br />

contido <strong>na</strong> suposição <strong>de</strong> que a afasia semântica é uma síndrome<br />

simples, unitária. Não encontramos qualquer evidência<br />

<strong>de</strong> uma dissolução intelectual uniforme. O que<br />

realmente constatamos foi que existia, <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, uma<br />

perturbação <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> operações mentais que<br />

envolviam um componente <strong>de</strong> comparação e <strong>de</strong> síntese espaciais.<br />

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