Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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meio-sono muito pesado. Minha memória é um branco.<br />
Não consigo pensar numa só palavra. Tudo que passa por<br />
minha mente são imagens, visões nebulosas que aparecem<br />
como <strong>de</strong>saparecem, dando lugar a novas imagens. Mas eu<br />
simplesmente não consigo enten<strong>de</strong>r ou me lembrar do que<br />
estas significam".<br />
Era incapaz <strong>de</strong> ler, ou mesmo <strong>de</strong> dizer se o jor<strong>na</strong>l era<br />
escrito em língua estrangeira. No nosso primeiro encontro,<br />
no hospital <strong>de</strong> reabilitação para on<strong>de</strong> fora mandado após<br />
ter sido ferido, pedi a ele que lesse alguma coisa:<br />
"O que é isto? ... Não, eu não sei... Não entendo ... o<br />
que É ISTO?" ele perguntou. Tentou exami<strong>na</strong>r a pági<strong>na</strong><br />
mais <strong>de</strong> perto, segurando-a em frente do olho esquerdo,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>slocando-a mais para o lado e perscrutando cada<br />
letra com perplexida<strong>de</strong>. "Não, não consigo", foi tudo que<br />
pô<strong>de</strong> dizer. Então pedi a ele que escrevesse seu primeiro<br />
nome e cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem. Também isto o levou a uma luta<br />
<strong>de</strong>sesperada. Desajeitadamente pegou o lápis, primeiro<br />
pelo lado errado, e então tateou pelo papel. Mas, novamente,<br />
não conseguia escrever uma única letra. Estava abismado,<br />
não conseguia escrever e percebeu <strong>de</strong> repente que<br />
havia ficado a<strong>na</strong>lfabeto.<br />
Como resultado <strong>de</strong> seu ferimento, per<strong>de</strong>u a intimida<strong>de</strong><br />
com seu corpo. Com freqüência "perdia" seu lado direito,<br />
o que inevitavelmente ocorre em caso <strong>de</strong> lesão da área<br />
parietal do hemisfério esquerdo. Também pensava que<br />
partes <strong>de</strong> seu corpo haviam mudado: "As vezes, quando<br />
estou sentado, sinto repenti<strong>na</strong>mente que minha cabeça<br />
tem o tamanho <strong>de</strong> uma mesa - exatamente o mesmo - enquanto<br />
minhas mãos, pés e meu dorso tor<strong>na</strong>m-se muito<br />
pequenos. Quando eu me lembro disto, eu mesmo acho<br />
engraçado, mas também muito estranho. Estes são o tipo<br />
<strong>de</strong> coisa que chamo <strong>de</strong> peculiarida<strong>de</strong>s corporais. Quando<br />
fecho meus olhos, não tenho certeza <strong>de</strong> on<strong>de</strong> está minha<br />
per<strong>na</strong> direita: por alguma razão, me acostumei a pensar<br />
que estava em algum lugar acima do meu ombro, mesmo<br />
acima <strong>de</strong> minha cabeça".<br />
E sua visão havia sido afetada, <strong>de</strong> modo que não conseguia<br />
perceber <strong>na</strong>da <strong>de</strong> maneira completa. Ele tinha <strong>de</strong><br />
usar sua imagi<strong>na</strong>ção para preencher as lacu<strong>na</strong>s do que<br />
via: "Isto é, tenho que formar uma imagem das coisas <strong>na</strong><br />
minha mente, e tentar lembrar-me <strong>de</strong>las como cheias e<br />
completas - <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhá-las, tocálas,<br />
ou formar uma imagem <strong>de</strong>las". Isto ocorreu porque ele<br />
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