Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Na tentativa <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a organização cortical da<br />
fala, temos que reconhecer a existência tanto da função<br />
categorizante quanto da função realizadora <strong>de</strong> intenções,<br />
que se interpenetram em todo discurso. Além disso, reconhecendo<br />
que exercem funções diferentes, mesmo que relacio<strong>na</strong>das,<br />
po<strong>de</strong>mos esperar que suas localizações corticais<br />
sejam diferentes. Revendo a história da neurologia,<br />
po<strong>de</strong>-se constatar que já em 1913 Pick apontava para a<br />
função sintagmática, quando buscava <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r como<br />
padrões con<strong>de</strong>nsados <strong>de</strong> pensamento po<strong>de</strong>riam expandirse<br />
até atingir a forma <strong>de</strong> afirmações contínuas e seqüencialmente<br />
organizadas, e a referência <strong>de</strong> Jackson ao aspecto<br />
"proposicio<strong>na</strong>nte" da fala <strong>de</strong>monstra que também ele reconheceu<br />
a importância <strong>de</strong>sta função.<br />
Trabalhando com esta distinção, que foi antecipada e<br />
utilizada por Vygotsky no Pensamento e Linguagem e em<br />
seus primeiros artigos sobre a localização das funções no<br />
cérebro, encontramos a esperada diferença <strong>na</strong> localização<br />
cerebral das funções sintagmáticas e paradigmáticas da<br />
linguagem. As lesões <strong>na</strong>s partes anteriores do hemisfério<br />
esquerdo, que estão reconhecidamente relacio<strong>na</strong>das às<br />
funções motoras, prejudicam seletivamente a fala fluente e<br />
sintagmaticamente organizada, mas os códigos verbais<br />
complexos baseados numa organização paradigmática permanecem<br />
mais ou menos intactos. Pacientes com tais lesões<br />
nomeiam facilmente objetos isolados, mas sua fala<br />
toma o clássico estilo "telegráfico", notado por muitos investigadores,<br />
<strong>de</strong>vido a uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m da função predicativa,<br />
essencial à fala fluente.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>sta distinção lingüística, os pacientes<br />
com lesões <strong>na</strong> parte posterior do cérebro apresentam<br />
um padrão <strong>de</strong> distúrbio exatamente oposto. Estes pacientes<br />
são capazes <strong>de</strong> falar fluentemente, mas as relações<br />
entre palavras individuais se <strong>de</strong>sfazem. Esta é a base lingüística<br />
das observações segundo as quais lesões <strong>na</strong> área<br />
parietoocipital acarretam a <strong>de</strong>struição das relações gramaticais<br />
como "irmão do pai".<br />
Po<strong>de</strong>ria alongar-me em exemplos, mostrando a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma combi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> análises lingüísticas, psicológicas<br />
e neuropsicológicas para o entendimento dos mecanismos<br />
subjacentes a cada forma específica <strong>de</strong> patologia<br />
da fala. Será suficiente, no entanto, dizer que os mesmos<br />
princípios do entendimento <strong>de</strong> palavras individuais e <strong>de</strong><br />
frases simples também se aplicam, <strong>de</strong> forma exata, à com-<br />
173