Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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teste <strong>de</strong> memória, por exemplo, é um meio <strong>de</strong> medida da<br />
memória <strong>na</strong>tural, porque a criança ainda simplesmente reproduziu<br />
o estímulo sem ter que mudar qualquer informação<br />
apresentada. A memória involuntária também compartilha<br />
da proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a criança não precisa fazer<br />
<strong>na</strong>da <strong>de</strong> especial para lembrar-se; o material simplesmente<br />
"imprime-se por si mesmo".<br />
Os processos culturais, por outro lado, mudam qualitativamente.<br />
Tomando como exemplo novamente a memória,<br />
não se trata <strong>de</strong> um mero crescimento da capacida<strong>de</strong><br />
<strong>na</strong>tural da criança <strong>de</strong> registrar e recuperar informação;<br />
como resultado da influência crescente do meio social,<br />
ocorrem mudanças nos princípios segundo os quais a informação<br />
é registrada e recuperada. Ao invés <strong>de</strong> realizar<br />
uma lembrança <strong>na</strong>tural, retendo impressões e reproduzindo-as<br />
involuntariamente, a criança apren<strong>de</strong> gradualmente<br />
a organizar sua memória e a trazê-la para o controle voluntário,<br />
através do uso das ferramentas mentais <strong>de</strong> sua<br />
cultura.<br />
Nossa pesquisa teve como pressuposto que as contribuições<br />
genéticas ao comportamento refletir-se-iam mais<br />
diretamente <strong>na</strong>quelas tarefas que <strong>de</strong>mandassem processos<br />
cognitivos <strong>na</strong>turais do que <strong>na</strong>s que evocassem processos<br />
culturalmente mediados. Partindo <strong>de</strong> nossas idéias acerca<br />
do curso do <strong>de</strong>senvolvimento dos processos <strong>na</strong>turais, supusemos<br />
a existência <strong>de</strong> uma relação estável entre a hereditarieda<strong>de</strong><br />
e tarefas cognitivas <strong>na</strong>turais, ao longo da maturação<br />
da criança. No entanto, relativamente aos processos<br />
culturais, supusemos uma relação mutante. Racioci<strong>na</strong>mos<br />
que no caso <strong>de</strong> crianças novas, <strong>na</strong>s quais os processos<br />
culturais ainda têm papel subordi<strong>na</strong>do, as crianças<br />
geneticamente similares teriam o mesmo tipo <strong>de</strong> comportamento,<br />
uma vez que este estaria ainda baseado nos processos<br />
<strong>na</strong>turais. Mas, à medida que formas culturalmente<br />
<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> informação fossem se<br />
tor<strong>na</strong>ndo mais e mais importantes, o ambiente da criança<br />
passaria a ter um efeito maior que o do genético sobre o<br />
comportamento. Assim, <strong>na</strong>s crianças mais velhas, um ambiente<br />
semelhante levaria a um <strong>de</strong>sempenho semelhante<br />
<strong>na</strong>quelas tarefas que <strong>de</strong>mandassem modos <strong>de</strong> cognição<br />
mediatos e culturalmente influenciados, mesmo se houvesse<br />
diferença genética.<br />
A lógica <strong>de</strong> nossa abordagem exigia <strong>de</strong> nós que expuséssemos<br />
as crianças a tarefas que variassem <strong>na</strong> predomi-<br />
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