Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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havia perdido o campo direito da visão nos dois olhos, isto<br />
significa que se ele focalizasse um ponto com os dois<br />
olhos, ele só conseguiria ver aquilo que se encontrava à esquerda<br />
do ponto. Tudo à direita estaria bloqueado. Além<br />
disso, haviam espaços em branco <strong>na</strong> sua visão. Mas certo<br />
dia, no curso da terapia, foi feita uma <strong>de</strong>scoberta que revelou<br />
ser um ponto <strong>de</strong> virada:<br />
"No começo eu tinha muito problema para escrever -<br />
isto é, mesmo <strong>de</strong>pois que eu achei que já sabia as letras,<br />
não me lembrava <strong>de</strong> como eram formadas. Cada vez que<br />
eu queria pensar numa <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da letra, eu tinha que<br />
percorrer todo o alfabeto até encontrá-la. Mas um dia um<br />
médico que eu conhecia bem, pois ele era muito informal<br />
comigo e com os outros pacientes, me pediu para tentar<br />
escrever automaticamente - sem levantar minha mão do<br />
papel. Fiquei perplexo e o questionei algumas vezes antes<br />
que conseguisse começar, mas fi<strong>na</strong>lmente peguei o lápis e<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> repetir a palavra sangue algumas vezes, eu rapidamente<br />
a escrevi. Eu mal sabia o que havia escrito, uma<br />
vez que tinha dificulda<strong>de</strong> para ler... <strong>de</strong>scobri que só conseguia<br />
escrever algumas palavras automaticamente - palavras<br />
curtas.<br />
Após um trei<strong>na</strong>mento intensivo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> seis meses,<br />
ele apren<strong>de</strong>u a ler e escrever. A escrita veio mais rápido,<br />
por ser para ele rima capacida<strong>de</strong> automática, com uma<br />
série <strong>de</strong> movimentos incorporados que não haviam sido<br />
afetados por sua lesão. Entretanto, ele continuava lendo<br />
<strong>de</strong>vagar, dividindo as palavras em sílabas e letras, porque<br />
a parte do córtex que controla o funcio<strong>na</strong>mento visual havia<br />
sido afetada. Mesmo assim, conseguia escrever automaticamente,<br />
mesmo que para isso precisasse revirar seu<br />
cérebro em busca <strong>de</strong> palavras e idéias com as quais se expressar.<br />
Ele o <strong>de</strong>screveu <strong>de</strong>sta maneira:<br />
"Quando olho para uma palavra como golouokruzheniye<br />
(tontura), não consigo entendê-la. Todas as letras -<br />
mesmo as partes da palavra - têm tanto significado para<br />
mim quanto teriam para um criança que nunca houvesse<br />
visto o alfabeto ou uma cartilha. Mas logo algo começa a<br />
se agitar em minha mente. Eu olho para a primeira letra G<br />
e espero até me lembrar <strong>de</strong> como pronunciá-la. Então vou<br />
para a letra O e pronuncio a sílaba inteira. Então tento<br />
uni-la à próxima sílaba. Olho rapidamente para a próxima<br />
letra, espero um pouquinho, e rapidamente olho para a letra<br />
O. Enquanto olho para esta letra, as duas letras da ex-<br />
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