Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP ... - Stoa
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Pouca coisa <strong>de</strong> valor encontrei <strong>na</strong> seca psicologia acadêmica<br />
pré-revolucionária, que então prevalecia <strong>na</strong>s universida<strong>de</strong>s,<br />
e que era fortemente influenciada pela filosofia<br />
e pela psicologia alemãs. Muitos psicólogos estavam ainda<br />
elaborando os problemas propostos, havia já muitos anos,<br />
por Wilhelm Wundt, pela escola <strong>de</strong> Wurzburg e pelos filósofos<br />
neokantianos. Os psicólogos ainda conservavam a<br />
idéia <strong>de</strong> que o objeto da psicologia era a experiência imediata.<br />
Para estudarem a experiência imediata, colhiam relatos<br />
introspectivos <strong>de</strong>ssas experiências vividas por pessoas<br />
em montagens laboratoriais cuidadosamente controladas.<br />
As afirmações <strong>de</strong>stas pessoas sobre o que haviam<br />
sentido eram então a<strong>na</strong>lisadas, <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> se <strong>de</strong>scobrirem<br />
os elementos básicos da mente e sua forma <strong>de</strong><br />
combi<strong>na</strong>ção.<br />
Esta abordagem conduzia invariavelmente a intermináveis<br />
discussões, em parte porque não havia acordo acerca<br />
do que eram os elementos mentais básicos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
do cuidado tomado <strong>na</strong> condução dos experimentos.<br />
Esta psicologia não me atraía por outras razões<br />
também. As teorias clássicas alemãs acerca da combi<strong>na</strong>ção<br />
<strong>de</strong> associações tinham uma ligação muito forte com as<br />
idéias <strong>de</strong> leis <strong>de</strong> associação, que se origi<strong>na</strong>ram com os antigos<br />
gregos. Recordo-me <strong>de</strong> ter simpatizado com Harold<br />
Hoffding, que propunha que as leis <strong>de</strong> associação não explicavam<br />
a memória. Seu argumento era forte: se dois elementos,<br />
a e b, são associados por ocorrerem simultaneamente,<br />
através <strong>de</strong> que mecanismo po<strong>de</strong>ria uma nova experiência<br />
A evocar a memória <strong>de</strong> b? Wundt diria que A é associado<br />
a a, e por isso evoca a memória <strong>de</strong> b. Mas se A<br />
está ocorrendo pela primeira vez, como po<strong>de</strong>ria ser associado<br />
a a? A resposta seria que A e a são <strong>de</strong> alguma maneira<br />
"semelhantes". Mas não haveria base para que se estabelecesse<br />
a relação <strong>de</strong> semelhança até que as associações<br />
entre A e a já estivessem estabelecidas!<br />
Mesmo criticando os pontos fracos do associacionismo<br />
simples, Hoffding aceitava os métodos, então em voga,<br />
<strong>de</strong> coleta e análise <strong>de</strong> dados psicológicos. Eu concordava<br />
com suas críticas, mas não as achava suficientemente fortes.<br />
Deprimia-me constatar quão áridos, abstratos e afastados<br />
da realida<strong>de</strong> eram aqueles argumentos. Eu queria<br />
uma psicologia que se aplicasse às pessoas <strong>de</strong> fato, <strong>na</strong> sua<br />
vida real, e não uma abstração intelectual num laboratório.<br />
A psicologia acadêmica era para mim terrivelmente <strong>de</strong>-<br />
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