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O TEMPO NA DIREÇÃO DO TRATAMENTO

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mos Lacan introduzi-lo também e curiosamente<br />

no seminário 7: “Pois bem, coisa<br />

curiosa para um pensamento sumário<br />

que pensaria que toda exploração da ética<br />

deve incidir sobre o domínio do ideal,<br />

senão do irreal, iremos, pelo contrário, ao<br />

inverso, no sentido de um<br />

aprofundamento da noção de real”<br />

(p.21).<br />

Os passos dados até aqui: o tempo do<br />

sujeito, a transferência como ato e a<br />

entrada em análise, poderiam se sustentar<br />

somente em Freud. Mas a abordagem do<br />

real como direção para a praxis analítica,<br />

isto se deve a Lacan. Pois os tempos da<br />

análise não se esgotam no tempo do<br />

sujeito e no “instante de ver”. O “tempo<br />

de compreender” e a escansão que se<br />

denomina “momento de concluir” são<br />

implicações lógicas daqueles tempos<br />

(embora não necessárias) que devem<br />

introduzir a dimensão, não mais apenas<br />

do sujeito, mas também do objeto.<br />

Objeto pequeno a como nos indica<br />

Lacan.<br />

Isso se opera pela transferência, mas<br />

agora em se tratando de “sacar como a<br />

transferência pode nos conduzir ao<br />

núcleo da repetição” (Lacan, S11, p. 71).<br />

Esse núcleo real da repetição como tiquê,<br />

curto-circuita os tempos de repetição e<br />

criação, pois o tempo da repetição é<br />

sempre o tempo da primeira vez, porque<br />

não há inscrição do que se repete na<br />

cadeia significante. É, portanto, um<br />

tempo sempre novo. “O tempo da<br />

pulsão é muito diferente. É um tempo de<br />

encontro, estruturado como um instante,<br />

que opera como um corte na<br />

continuidade do tempo significativo”<br />

(Soller, 1997, p.66). No “tempo de<br />

compreender”, trata-se da experiência<br />

dessa repetição, as voltas da demanda<br />

como nos descreve Lacan. Trata-se de<br />

descobrir que a repetição é a criação que<br />

se fez a partir do objeto como objeto<br />

cedido ao Outro. Mas isso só encontra o<br />

fim por um outro ato com seu tempo; no<br />

ato da escansão do “momento de<br />

concluir”, no ato analítico como<br />

passagem, travessia, a praxis grega é<br />

subvertida pela psicanálise. Pois aqui, no<br />

momento do ato, não há sujeito, e na<br />

posição de agente se coloca o objeto. Ato<br />

que marca um giro e instaura o<br />

psicanalista. Analista que só se autoriza<br />

de si mesmo (Lacan, 2003, p.248).<br />

Referências bibliográficas<br />

LACAN, J. Outros Escritos. Jorge Zahar<br />

editora. Rio de Janeiro, 2003.<br />

LACAN, J. O Seminário - vol VII. Jorge Zahar<br />

editora. Rio de Janeiro, 1985.<br />

LACAN, J. O Seminário - vol XI. Jorge Zahar<br />

editora. Rio de Janeiro, 1985.<br />

LIMA VAZ, H.C. Escritos de Filosofia II –<br />

Ética e Cultura. São Paulo, 1993.<br />

SOLLER. C. O Sujeito e o Outro. In: Para<br />

Ler o Seminário 11 de Lacan. Jorge Zahar<br />

Editora. Rio de Janeiro, 1997.<br />

Heteridade 7<br />

Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 113

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