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O TEMPO NA DIREÇÃO DO TRATAMENTO

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▪ Tempo e estrutura<br />

Um novo tempo para o sujeito que se dá a partir<br />

do enfrentamento do real existente no intervalo<br />

significante<br />

Robson Mello<br />

conceito lacaniano so-<br />

o sujeito nos orienta Obre<br />

quanto ao fato de que<br />

há algo da ordem da inconsistência<br />

e do nãotodo.<br />

Jacques Lacan nos<br />

remete à linguagem, e às<br />

marcas que dela decorrem,<br />

para nos dizer que o sujeito é tão<br />

somente da ordem da representação. O<br />

sujeito é representado por um<br />

significante para um outro significante.<br />

Desde já há, aí, algo que é da ordem de<br />

um tempo que é o tempo do advir,<br />

tempo da castração, tempo da relação<br />

imaginária e tempo de uma verdade que<br />

se deixa surgir a partir da suposição de<br />

um saber. Ele nos remete ao fato de que<br />

o sujeito, mesmo, existe no intervalo<br />

existente entre os significantes S1 e S2 e<br />

que, portanto, o registro do real sempre<br />

aparece e opera como um índice do<br />

tempo existente no inconsciente. O<br />

sujeito é, logo, o resultado de uma significação<br />

que se deu a partir do encontro<br />

com o indizível do real apresentado pelo<br />

Outro.<br />

Apropriamo-nos da teoria freudiana<br />

para dizer do inconsciente correlato a<br />

uma trama – contendo muitas redes e entrecruzamentos<br />

por onde, então, encontraremos<br />

marcações significantes por<br />

onde a libido transita. A rede é tecida a<br />

partir da linguagem que vem do Outro, e<br />

que, por ser assim, marca um tempo para<br />

o desejo. O tempo para o sujeito começa<br />

a ser contado, portanto, a partir do encontro<br />

com o S1 (mãe), seu marco zero, e<br />

ainda na infância. Tempo que é sempre<br />

infantil.<br />

Ao se apoderar dos seus objetos internos<br />

ou externos, a libido circula de uma<br />

marca simbólica a outra, e percorre toda<br />

a cadeia significante presente no<br />

inconsciente.<br />

Quanto mais o tempo do sujeito for<br />

aquele que possibilite esse trânsito, na associação<br />

livre, tanto mais serão os momentos<br />

oportunizados para o<br />

surgimento do seu desejo e da sua<br />

verdade.<br />

A verdade do sujeito está intimamente<br />

ligada ao recalcado. E, dessa verdade,<br />

nada ele quer saber. O recalcado – marca<br />

significante que guarda consigo o tempo<br />

do real da angústia – existe e insiste por<br />

um lugar na consciência. O S1 e S2, agora,<br />

podem ser interpretados como o tempo<br />

do antes e o tempo do depois para<br />

um ser que se põe a falar sob os efeitos<br />

da transferência analítica. O tempo do<br />

sujeito é, também, o tempo de uma<br />

decisão entre a vida e a morte.<br />

Quanto mais o sujeito falar das marcas<br />

da linguagem da sua história amorosa,<br />

tanto mais serão as suas chances para um<br />

novo tempo, agora já não mais tão amarradas<br />

ao aspecto psicopatológico do sintoma.<br />

S1 e S2 podem ser identificados,<br />

aqui, enquanto tempo do sintoma do sujeito<br />

num dado momento antes da análise,<br />

e tempo em que esse mesmo sintoma<br />

se desdobra em sintoma analítico que,<br />

endereçado à figura do analista, vai para<br />

muito além dela.<br />

Com isso, podemos falar, então, que o<br />

outro nome da repetição diz respeito ao<br />

fato de não querer aceder às regras da associação<br />

livre sob o vetor transferencial.<br />

É a linguagem que possibilita a codificação<br />

do sintoma, e é ela, também, que<br />

possibilita a sua decodificação, seu deciframento<br />

sob análise. Temos, aqui, portanto,<br />

o tempo do sujeito face a duas<br />

possibilidades: o tempo do sintoma (S1)<br />

Heteridade 7<br />

Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 140

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