O TEMPO NA DIREÃÃO DO TRATAMENTO
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não do tratamento, ou seja, da<br />
transferência. O tempo para<br />
compreender, aqui, se conclui por seu<br />
engessamento, quando um máximo de<br />
informações num mínimo de tempo e<br />
energia reduz o sujeito à sua imagem, perenizando-o<br />
nas relações dos sujeitos recíprocos<br />
ou refletidos do sofisma do<br />
tempo lógico, imerso no campo da linguagem<br />
em sua acepção cibernética aplicada<br />
às relações imaginárias (PORGE,<br />
1994). Estamos no muro da linguagem,<br />
a-a’, e na codificação de zeros e uns, pela<br />
qual as máquinas se conversam e os psicoterapeutas<br />
se tornam surdos ao sujeito<br />
do inconsciente.<br />
Parafraseando a crítica de Lacan<br />
(1960/1998) à psicologia do ego, podemos<br />
dizer que estamos falando, “bem<br />
entendido, da extraordinária transferência<br />
lateral pela qual vêm recobrar-se na<br />
psicanálise as categorias de uma psicologia<br />
que com isso revigora seus usos vis<br />
de exploração social” (p.812).<br />
Diante disso, cumpre questionarmos<br />
se a psicanálise que coloca o tempo<br />
como imperativo clínico não ruma ao<br />
pior. É preciso opor a ética do desejo ao<br />
princípio da eficiência, o que nos leva a<br />
sustentar o momento simbólico da linguagem,<br />
isto é, a fala, que é estranha às<br />
máquinas e à fórmula reducionista da cibernética,<br />
e que se introduz “a partir do<br />
momento em que o sujeito [do sofisma<br />
do tempo lógico] executa essa ação pela<br />
qual afirma ‘eu sou branco’” (PORGE,<br />
1994, p.77). Mas opor a ética do desejo<br />
ao princípio da eficiência implica<br />
também, e fundamentalmente, operar<br />
pela via da extração do objeto a.<br />
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Heteridade 7<br />
Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 278