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O TEMPO NA DIREÇÃO DO TRATAMENTO

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subjetivação. Isso gera a emergência de<br />

um gozo sem limites e o único remédio<br />

para isso, como sabemos, é o desejo. É o<br />

desejo que faz barreira ao gozo e é o<br />

desejo que faz barreira à emergência da<br />

angústia. E o que assistimos hoje é<br />

justamente a dificuldade de lidar com a<br />

dimensão do desejo.<br />

A psicanálise, portanto, possui a função<br />

de legislar sobre o gozo, isto é, “(...)<br />

introduzir significantes que separem o<br />

sujeito e suas demandas da busca de satisfação<br />

imediata, estabelecendo uma<br />

nova posição subjetiva que se efetive pela<br />

via do desejo e não por uma submissão<br />

passiva ao gozo do Outro”. 306 O que a<br />

análise tem a fazer, como lembra Ocariz,<br />

é resgatar o direito à singularidade dos<br />

sintomas. Garantir a construção de uma<br />

singularidade do sintoma consiste em trabalhar<br />

as relações contemporâneas relacionadas<br />

à compulsão para com o objeto<br />

– isto é, ao consumo desenfreado e a<br />

busca incessante por um objeto de<br />

satisfação plena -- procurando ressaltar<br />

significantes que permitam separar o<br />

sujeito da procura por satisfação<br />

imediata, que representa uma submissão<br />

não questionada ao gozo do Outro.<br />

Esse Outro contemporâneo impõe fidelidade<br />

ao consumo desenfreado e se apresenta<br />

como todo poderoso, um Outro<br />

não barrado, nos termos lacanianos.<br />

Do ponto de vista social, cabe aos analistas<br />

uma militância em nome do sujeito.<br />

Não se trata, evidentemente, de uma militância<br />

política qualquer, mas de uma inserção<br />

social que lhe permita fazer circular<br />

o discurso da psicanálise. Trata-se de<br />

ocupar um lugar não previsto na lógica<br />

do mercado e da ciência mas<br />

fundamental para sustentar laços sociais<br />

consistentes. Ao fazer isso, a psicanálise<br />

marca seu caráter de resistência aos<br />

discursos dominantes. Resistência do<br />

sujeito que requer a resistência de um<br />

lugar que possa ser Outro, barrado e<br />

simbólico.<br />

306<br />

OCARIZ, M. C. – op. cit.; pág. 109<br />

Heteridade 7<br />

Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 293

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