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O TEMPO NA DIREÇÃO DO TRATAMENTO

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seria a de um sujeito reativo, capaz de<br />

negar as consequências do traço do<br />

evento e, portanto, incapaz de produzir<br />

um novo presente. Em ambas<br />

perspectivas, o tempo ficou congelado.<br />

Na segunda situação, a se supor a ocorrência<br />

de um evento, teria havido aquilo<br />

que propriamente o caracteriza, isto é, a<br />

escolha de um nome, colhido na borda<br />

do vazio (quase) apresentado, um nome<br />

comum, contingente, cuja função, para o<br />

evento, seria a de representá-lo, sem ter<br />

legitimamente tais poderes. Porque, do<br />

indiscernível, o que estaria sendo<br />

discernido? Que isso seja possível é um<br />

dos axiomas da teoria dos conjuntos, o<br />

axioma da escolha, e a tese é a de que<br />

esse nome comum, que não representa<br />

nada em particular, entra na composição<br />

múltipla da situação e de seu estado,<br />

disseminando-se, relacionando-se com<br />

outros elementos. Um significante,<br />

portanto, como Lacan o define. Porém,<br />

nessas condições, um significante que<br />

não faz tempo.<br />

A terceira situação é a análise com<br />

Freud. É necessário supor que aí tenha<br />

havido também um evento; que o inexistente,<br />

que seu vazio intrínseco, tenha tido<br />

a ocasião de se insinuar; e que o tenha<br />

feito com intensidade máxima. É<br />

necessário supor a presença de um corpo<br />

(corps) capaz de tratar a singularidade,<br />

porque, como diz Lacan “é incorporada<br />

que a estrutura faz efeito” – aí, talvez, a<br />

presença necessária e a função do<br />

analista. Uma análise, nesses termos,<br />

deveria ter o potencial de constituir<br />

evento, ou eventos, habilitados por<br />

eventos anteriores, e talvez, esses, só<br />

chegando a essa condição pela operação<br />

analítica. Constituir eventos e, portanto,<br />

significantes que, por poderem tratar em<br />

um corpo os eventos segundo suas<br />

consequências, esses sim, fariam tempo.<br />

Referências<br />

BADIOU, Alain. L’être et l’événement. Paris:<br />

Éditions du Seuil, 1988.<br />

___________ Logique des mondes: l’être et<br />

l’événement 2. Paris: Éditions du Seuil, 2006.<br />

FREUD, Sigmund. Edição Standard<br />

Brasileira das Obras Psicológicas Completas<br />

de Sigmund Freud. Trad. sob direção geral<br />

de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago,<br />

1996<br />

___________ (1895) Projeto para uma<br />

psicologia científica.<br />

Heteridade 7<br />

Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 154

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