O TEMPO NA DIREÃÃO DO TRATAMENTO
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e o tempo do deciframento significante<br />
(S2).<br />
Esse intervalo diz da passagem do não<br />
querer saber da verdade inconsciente ao<br />
ato da livre associação significante amarrado<br />
ao desejo de saber. O interrogar-se<br />
sobre o porquê de um determinado significante<br />
estar representando o sujeito para<br />
um outro sujeito faz com que o falasser se<br />
descole do lugar de submissão frente à<br />
marca significante e, então, podendo<br />
olhá-la, agora com outros olhos, ressignificá-la,<br />
oportunizando um lugar para o<br />
seu desejo e para a verdade na sua<br />
vertente mais radical e singular. Essa<br />
retificação subjetiva, que é promovida em<br />
análise, faz alterar a relação do sujeito<br />
com o objeto, produzindo, assim, uma<br />
relação de causa de desejo. Revela-se,<br />
pois, que o Outro em questão é mesmo, e<br />
antes de tudo, o inconsciente. S1 = lugar<br />
do analisante para o tempo do S2 =<br />
surgimento do analista.<br />
A possibilidade de que o sintoma do<br />
sujeito possa vir a se estabelecer enquanto<br />
sintoma analítico somente poderá<br />
ocorrer a partir do ponto em que o falante,<br />
na relação analisante-analista, sob o<br />
vetor da transferência e em livre associação,<br />
endereçar o seu sintoma para um outro<br />
significante, que ele cria – o significante<br />
que marca o lugar do Outro enquanto<br />
lugar de suposição de um saber:<br />
lugar do analista. Será essa mesma posição,<br />
enquanto significante de sujeito suposto<br />
saber, que, ao instituir o lugar do<br />
Outro da vida amorosa para o analisante,<br />
o faz lançar ao Outro do inconsciente.<br />
Podemos, então, dizer que o outro nome<br />
do S1 – S2 poderá ser analisante-analista!<br />
S1 = realidade cotidiana para o tempo do<br />
S2 = realidade subjetiva.<br />
O lugar do sujeito é mesmo o lugar do<br />
real. O conceito de sujeito se liga à resposta<br />
que o falante dá quando do seu encontro<br />
com o indizível do registro do real<br />
amparado pelos efeitos da linguagem. O<br />
seu lugar diz do intervalo significante que<br />
é marcado pela castração em seu viés<br />
com o Édipo. O tempo do sujeito é marcado<br />
no vir-a-ser, no vazio e no só depois<br />
significante.<br />
O falante inaugura o campo do novo a<br />
partir do ponto em que ele se põe<br />
disposto a decifrar o conteúdo recalcado<br />
que tanto o assola e o faz padecer. O<br />
campo do novo se encontra enquanto<br />
uma virtualidade presente desde sempre<br />
na relação que se estabelece entre um<br />
inconsciente para outro inconsciente. S1<br />
= inconsciente do analisante, S2 =<br />
inconsciente do analista constituído a<br />
partir da experiência e do saber extraídos<br />
de sua própria análise → Sn = cadeia de<br />
significante sob efeito da associação livre<br />
conduzida pelo analisante a partir da sua<br />
fala.<br />
Só o tempo próprio à análise – com o<br />
corte que faz separar o sujeito do significante<br />
do seu gozo repetidor – é capaz de<br />
fazer com que o Outro do S2 possa cair<br />
e, então, o sujeito possa se descobrir ante<br />
ao recalcado que, agora, se faz novo a<br />
partir do deciframento do sintoma que<br />
sempre se fez seu parceiro. Resta tão somente<br />
ao sujeito, agora tendo como parceiros<br />
o resto do seu sintoma, a sua verdade,<br />
o seu desejo e a sua castração. No<br />
lugar de um Outro, que agora é<br />
inexistente, e para o qual ele sempre se<br />
dirigiu, o sujeito põe, com sua<br />
capacidade criativa, se quiser, a causa<br />
analítica e a Escola de Psicanálise<br />
orientada por Freud e por Lacan, que<br />
possibilitará o surgimento das trocas<br />
entre seus pares, das formulações, do<br />
estudo, e também dos impasses. S1 =<br />
transferência analítica ao S2 =<br />
transferência de trabalho. Mas, mesmo<br />
sendo assim, e exatamente por isso,<br />
revela algo do resto significante com o<br />
qual todo sujeito tem de lidar em sua<br />
vida. O que fazer com o resto no âmbito<br />
da solidão que toca na verdade do<br />
sujeito. Para onde destiná-lo ? A Escola o<br />
acolhe e o recebe sob os nomes da<br />
verdade de cada sujeito e de sua<br />
castração, que, agora, se desdobram em<br />
produção e trabalho. A Talvez a Escola<br />
possa vir representar, mesmo, o quão<br />
difícil é para o sujeito lidar com o tempo<br />
para que se fique só e, ao mesmo tempo,<br />
ratificar seu mais radical tempo de<br />
solidão e desamparo frente ao outro. Daí<br />
vermos a solidariedade como fator tão<br />
Heteridade 7<br />
Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 141