O TEMPO NA DIREÃÃO DO TRATAMENTO
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O tempo lógico, nos diz C Soler “é o<br />
tempo necessário para produzir uma<br />
conclusão a partir do que não é sabido”<br />
Toda a questão é saber como concluir<br />
onde há falta de saber . Então, essa lógica<br />
é que sustenta a prática da sessão de<br />
tempo variável, e por isso não interessa à<br />
direção de uma análise a exatidão do<br />
tempo, submetido ao relógio, mas o<br />
tempo necessário para produzir algo, um<br />
ato, onde há falta de saber.<br />
O sofisma trazido por Lacan, permite<br />
distinguir três partes, algo que conhecemos<br />
como o Instante de Ver, o Tempo<br />
de Compreender e o Momento de Concluir.<br />
Primeiro um tempo instantâneo, seguido<br />
do tempo de compreender, que é<br />
de duração indeterminada, mas que tem<br />
que se produzir, e a conclusão, que não é<br />
um novo instante de ver, nem<br />
contemplação de uma verdade, é o<br />
momento do ato, na medida em que a<br />
certeza da conclusão se antecipa à<br />
realização. O corte da sessão, longe de<br />
está acomodado ao tempo do capitalista,<br />
que só pensa em como rentabilizar o<br />
tempo, toca o ponto em que o sentido<br />
escapa, como no momento de concluir,<br />
impedindo que o discurso se fixe aos<br />
significantes, pondo em jogo o objeto.<br />
No sofisma dos prisioneiros, a conclusão<br />
não depende da inter-subjetividade, mas<br />
da relação dos sujeitos com o objeto “a”.<br />
Essa determina o tempo de concluir,<br />
momento onde uma subjetivação podese<br />
realizar.<br />
No seminário XX- 27 anos depois de<br />
ter escrito “O Tempo Lógico... Lacan<br />
diz:<br />
“Se há alguma coisa que, nos<br />
meus Escritos, mostra que minha<br />
boa orientação, pois é aquela com<br />
que tento convencê-los, não data<br />
de ontem, é mesmo que, logo<br />
depois de uma guerra, quando<br />
nada evidentemente parecia<br />
prometer amanhãs dourados,<br />
escrevi O Tempo Lógico e a<br />
Asserção de Certeza Antecipada.<br />
Pode-se ler muito bem ali, se se<br />
escreve, e não somente se se<br />
tem bom ouvido, que, a função<br />
da pressa, já é esse “a” minúsculo<br />
que a tetiza. Ali, valorizei<br />
o fato de que algo como uma<br />
intersubjetividade pode dar com<br />
uma saída salutar. Mas o que<br />
mereceria ser olhado de mais<br />
perto é o que suporta cada um<br />
dos sujeitos, não em ser um entre<br />
os outros, mas em ser, em relação<br />
aos dois outros, aquele que está<br />
em jogo no pensamento deles.<br />
Cada qual só intervindo nesse<br />
termo a título desse objeto “a”<br />
que ele é sob o olhar dos outros.<br />
(...)Em outros termos, eles são<br />
três, mas na realidade, são dois<br />
mais “a”. Esse dois mais “a”, no<br />
ponto do “a”, se reduz, não aos<br />
dois outros, mas a Um mais “a”.<br />
( ...)é que funciona o que pode<br />
dar com uma saída na pressa.”<br />
Como podemos ver não se pode pensar<br />
o texto “O Tempo Lógico e a Certeza<br />
Antecipada” sem se referenciar ao ato,<br />
que só se dá pela intervenção do analista,<br />
quando descentra a demanda em direção<br />
ao que a causa, ficando do lado da relação<br />
do sujeito com o objeto “a”. “Tomados<br />
um a um , os sujeitos A,B,C , são todos<br />
iguais e cada um diferente. A é o sujeito<br />
real que vem concluir sozinho. Ele<br />
designa cada um dos sujeitos enquanto<br />
real, na medida em que é ele mesmo que<br />
está em questão e se decide ou não a<br />
concluir por si. B e C são os dois outros,<br />
na medida em que são objetos do<br />
raciocínio de A” (Erik Porge) Da mesma<br />
forma A é também objeto do raciocínio<br />
de B e C, que não são apenas objetos de<br />
A, são também sujeitos, refletidos. A,<br />
pois, não é idêntico a A. Cada um é ao<br />
mesmo tempo A e B / C. Mais: Cada um<br />
só é A se for ao mesmo tempo B e C.”<br />
Cada um que decide é A, decisão advinda<br />
da pressa, de sua própria subjetividade e<br />
não por submissão a uma coordenada<br />
simbólica , advinda do Outro. Por<br />
definição, o objeto “a” não é só o que se<br />
perde, mas também é algo que se produz<br />
no ato de fundação do sujeito e no ato<br />
de concluir. Temos a clínica do<br />
inconsciente estruturado como uma<br />
linguagem que está submetida à<br />
temporalidade do a posteriori e temos a<br />
clínica do inconsciente estruturado como<br />
Heteridade 7<br />
Internacional dos Fóruns-Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano 133