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IMPA 50 Anos

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nem pretendia; era um grande professor da disciplina. De suas aulas saíram, em Maceió, centenas deengenheiros e de funcionários do Banco do Brasil e pelo menos cinco doutores em Matemática: ManfredoPerdigão do Carmo, Alexandre Magalhães da Silveira, Roberto Ramalho, Edmilson Pontes e eu.Três fizeram doutorado em universidades estrangeiras de boa qualidade, como Chicago e Berkeley, edois no <strong>IMPA</strong>. Este é um índice notável para uma cidade como Maceió. Devo acrescentar que a tradiçãose mantém. Na época, era meu vizinho em Maceió meu futuro colega no <strong>IMPA</strong>, Manfredo Perdigãodo Carmo, o intelectual da turma. Eu jogava bola, nadava, jogava botão, pintava e bordava, enquantoele desenhava. Éramos de colégios diferentes, ele do Diocesano, de irmãos maristas, e eu do Batista,mas fizemos juntos o curso científico no Colégio Estadual; lá passei dois anos e depois fui para a Escolade Cadetes. Como não prestei os exames finais do segundo para o terceiro ano no Colégio Estadual,tive que repetir o último ano em Fortaleza; então, quando comecei a dar aula, não tinha terminado osegundo grau. No final do primeiro ano como professor, eu estava com 19 anos, quando abriu um concursopara turmas suplementares do Colégio Estadual do Ceará. Meu diretor, Ari de Sá Cavalcante, mefalou sobre o concurso, mas eu argumentei que não tinha terminado o segundo grau. Ele insistiu: “Vejao edital: não há nenhuma exigência de diploma, nem universitário, nem de segundo grau, nem mesmode primário. Não diz nada. Só diz que haverá uma prova e que os homens têm que estar quites com oserviço militar.” Fiz o concurso; eram dez candidatos, e eu tirei o primeiro lugar.O senhor entrou para a faculdade em Fortaleza?Sim, fui estudar Matemática na Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, uma escola noturna de irmãosmaristas, muito fraca — naquela época, a Universidade do Ceará ainda não existia, só existiam algumasfaculdades isoladas, como Direito, Agronomia e Medicina. Na época, eu sempre passava as férias emMaceió e lá conheci Newton Braga, um físico que estudava aqui no Rio; estava terminando a graduaçãona Universidade do Brasil, era bolsista do CNPq e estagiava no CBPF, Centro Brasileiro de PesquisasFísicas. Manfredo do Carmo estava estudando Engenharia em Recife, mas vinha a Maceió nas férias.Decidimos pedir uma sala ao diretor do Colégio Estadual de Alagoas e fazer um seminário para estudarMatemática durante as férias. Este rapaz, Newton Braga, estimulou-me a pedir uma bolsa de iniciaçãocientífica ao CNPq. Embora minha faculdade no Ceará fosse fraquíssima, todas as minhas notas eramdez; assim, fui aceito para o terceiro ano de Matemática na Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências eLetras da Universidade do Brasil.Como estudante no <strong>IMPA</strong>Quando o senhor desembarcou no Rio de Janeiro?Em março de 1952, com uma bolsa de iniciação científica, que equivalia a dois salários mínimos —morar aqui no Rio de Janeiro com dois salários mínimos não é fácil. Em outubro deste mesmo ano foicriado o <strong>IMPA</strong>, o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, por uma portaria do presidente do Conselho92

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