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IMPA 50 Anos

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Isso mesmo, mas como disse, a tese tinha sido muito bem publicada e tinha alcançado certa repercussãonas universidades americanas. É claro que contribuiu também a carta de recomendação do orientador,o Chern, uma praxe nesses casos de pedido de bolsa. É capaz de eu ter pedido também a alguém doBrasil, mas não me lembro, porque havia muito pouca gente na minha área. Sei que o Chern foi meumentor ainda durante muito tempo; ele acompanhava parte da trajetória dos alunos. Passei dois anos emeio nos Estados Unidos: dois anos com a bolsa Guggenheim e seis meses como professor visitante deBerkeley, pago pela própria Universidade.Passou pela sua cabeça radicar-se nos Estados Unidos?Quando saí em 67, fui com o visto de imigrante, green card na mão. Estava muito decepcionado como governo militar, amargurado com a derrocada da Universidade de Brasília, depois de todo aqueleesforço.Como obteve o green card?Não sei, mas tenho tido muita sorte nessas coisas. Acho que somebody up there likes me, como dizemos americanos. Estava passando aquele ano no Ceará, quando resolvi: “Vou tentar conseguir um greencard, porque nunca se sabe. . . ” Pedi no consulado, preenchi todos os papéis. Foi rápido. Nos EstadosUnidos tive ofertas de algumas universidades. Estive em Rochester, no norte do estado de Nova York,bastante boa. De lá fui a Chicago Circle, nas redondezas de Chicago, um campus da Universidade deIllinois em Chicago; essas duas universidades me fizeram propostas concretas. Mas preferi ficar maistempo trabalhando em Berkeley, lugar onde eu tinha muito mais facilidades.É curiosa essa mobilidade dos acadêmicos americanos; transferem-se da Costa Leste para a Costa Oeste com a maiorfacilidade, sem grandes problemas burocráticos.Essa mobilidade é considerada muito importante. Na verdade, é absolutamente inaceitável uma pessoaconseguir emprego na universidade em que se formou. É considerado um inbreeding, termo tomadode empréstimo da genética, ou seja, um processo de realimentação interna, sem sangue novo; você ficaacumulando os defeitos internos. Fica passando de pai para filho, e isso é muito ruim. Assim, quem seforma em Berkeley vai trabalhar em Princeton; quem se forma em Princeton vai trabalhar em Harvard,e assim por diante. Todo esse movimento é muito positivo, faz muito bem à renovação.Que curso o senhor deu nos seis meses como professor visitante em Berkeley?Eles estavam precisando de alguém que desse aulas de Equações Diferenciais Parciais para engenheiros.A pessoa que organizava os cursos disse: “Li no seu currículo que você é engenheiro. Você seincomodaria de dar essa matéria?” Dei esse curso e também um outro, de Geometria, para professoresque estavam sendo formados na Universidade. E foi uma experiência ótima; inclusive, eu fiqueiimpressionado com a excelente formação matemática dos alunos de engenharia.209

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