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IMPA 50 Anos

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O senhor teve algum problema pessoal?Não, apesar de ser um forte partidário do governador Miguel Arraes e de ter participado de uma célulado Partido Comunista, cujo coordenador era o escultor e pintor pernambucano Abelardo da Hora. Masnaquela altura, minha vida tinha muitas facetas. Eu estudava matemática, pintava, tinha bastante entrosamentocom os grupos de pintura de Olinda, era vice-presidente do Diretório Central dos Estudantesda Faculdade de Filosofia, era politizado — na véspera do golpe tinha ido com uns colegas à fazendade Francisco Julião para entrevistá-lo para o Jornal Mural. No dia seguinte eclodiu o golpe, e tivemosque esconder apressadamente todo o material. E finalmente, eu estava servindo ao Exército normalmente,em corpo de tropa, como soldado raso — havia queimado, por razão de idade, a chance de fazero CPOR. E talvez por isso, não fui sequer reconhecido como ativista político.O doutorado na Queen’s UniversityEntre a formatura em 1964 e ida para o Canadá em 1968, o senhor deu aulas?Ainda não estava muito clara para mim a opção pela matemática. Em 65 viajei a Israel pela segunda vez,dessa vez com a firme intenção de me estabelecer lá, também já em vias de me casar com a então candidataa minha primeira esposa. No primeiro ano morei e trabalhei num kibutz; lá me propuseram serprofessor de matemática numa espécie de curso secundário, organizado pelos próprios kibutzim. No segundoano fiz alguns cursos preparatórios para ingressar no mestrado de matemática da UniversidadeHebraica de Jerusalém. Comecei a estudar em livros de matemática e de física escritos em hebraico; achoque ainda tenho alguns deles até hoje. No início era um pouco confuso, mas me preparei bem. Infelizmente,acabei desistindo, por várias razões, uma das quais foi que, saindo do kibutz, eu não tinha comome manter financeiramente. Coincidiu que aquela foi uma época economicamente difícil no estado deIsrael, um período de recessão fortíssima. Eu procurei emprego no país inteiro, inclusive em moshavim,que é uma versão, mais aburguesada digamos, do kibutz. Como era uma propriedade privada, eu podiatrabalhar lá como trabalhador agrícola, já que tinha alguma experiência em kibutz. Mas infelizmente,nem isso consegui; a situação começou a ficar crítica, e eu tive que tomar uma decisão. Estava para mecasar e então decidi voltar. No Brasil, surgiu a possibilidade de ser absorvido como auxiliar de ensino noDepartamento de Matemática da, já então, Universidade Federal de Pernambuco. Aí comecei de fato apensar um pouco mais seriamente na carreira. E depois desse ano como auxiliar de ensino, foram feitosalguns contatos entre os matemáticos portugueses que ainda estavam em Recife e aquele que seria meufuturo orientador, Paulo Ribenboim, um matemático brasileiro do <strong>IMPA</strong>, que se fixou no Canadá.O senhor iniciou algum curso de pós-graduação ainda aqui no Brasil?Tive uma experiência no Departamento de Matemática da Universidade Federal de Pernambuco, emque houve uma tentativa de iniciar um programa de mestrado, mas que, infelizmente ou felizmente —20

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