12.07.2015 Views

IMPA 50 Anos

IMPA 50 Anos

IMPA 50 Anos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

me parecia muito mais fácil ingressar numa pós-graduação em ciências humanas ou sociais após umabacherelado em matemática do que o contrário, embora todos os meus colegas de sala me imaginassemantropólogo ou historiador, inscrevi-me em matemática.Um pouco antes dos exames, apavorado com a perspectiva de não ser admitido na primeira opção,renunciei temporariamente à militância, negligenciei a namorada, abandonei as aulas, os recreios e osamigos para estudar na biblioteca da escola de manhã à noite. Em três meses resolvi todos os exercíciosde todos os livros de matemática, física e química do científico. Simultaneamente, inscrevi-me juntocom outro colega do Santo Inácio, Achilles Zaluar, hoje diplomata, em um curso preparatório para osexames da PUC. Em duas semanas resolvemos as provas discursivas dos últimos anos, todas muitoparecidas.Achilles passou em quinto lugar e eu um pouco atrás, ambos com bolsa integral oferecida pela Universidadeaos melhores colocados no vestibular. Curiosamente, não foram os 10 anos passados nas escolasbelgas, os 4 de Santo Inácio nem os três meses de estudos intensivos que nos levaram aos primeiroslugares, mas as oito aulas do curso preparatório específico. De modo que exames, como os atuais vestibulares,nunca servirão para selecionar alunos brilhantes ou aplicados.Embora a maioria dos professores de matemática do colégio recomendasse a UFRJ, como morava naGávea a menos de 10 minutos da PUC e como recebera uma bolsa por desempenho acadêmico, apesarda oposição familiar, frequentei a partir de março de 82 os famosos pilotis.Como o ciclo básico não exigia muita dedicação, passei os primeiros anos da faculdade ainda envolvidocom o PT e a política estudantil, revendo as aulas nas horas vagas. Ensinava matemática a adultos nafavela das canoas, participava do núcleo de estudantes e do Diretório do PT da 17 a zona eleitoral evotava nos congressos estaduais do partido.Frequentava a faculdade na parte da manhã e procurava nas aulas algum desafio intelectual. Os professoresde física escolhidos para o primeiro ano do ciclo básico e os livros adotados desestimularamaqueles que nutriam alguma simpatia pela matéria. Assim, apenas um aluno admitido em 81, SérgioVolchan, hoje professor do departamento de Matemática da PUC-Rio, formou-se em física. Em contrapartida,pelo menos cinco colegas daquela geração concluíram o bacharelado em matemática. No anoseguinte a relação se inverteu. Paulo Maia, atualmente professor da UFRJ, diplomou-se em física juntocom muitos outros e nenhum, a meu conhecimento, em matemática.No segundo semestre do primeiro ano comecei a frequentar o departamento e tive no curso de Introduçãoà Análise meu primeiro contato com a linguagem e o rigor matemático. Mas há cursos que são pontesque atravessamos sem perceber. Passei indiferente pelo curso. Diletante, resolvi problemas sem compreender,estudei sem gosto. As atividades políticas me ocupavam integralmente. Naquele ano, fui267

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!