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IMPA 50 Anos

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de Universidade de Recife. Fui morar numa pensão perto do Centro — coisa muito comum naquelaépoca. A pensão era cheia de estudantes, pois Recife era uma cidade universitária, com uma porção defaculdades. Todo o Nordeste desaguava no Recife, que era uma espécie de centro cultural; todo o meucontato com cultura, teatro, música clássica, literatura aconteceu naquela cidade. Até mesmo a política,porque nesse tempo lutávamos pelo monopólio estatal do petróleo.O curso de engenharia correspondeu às suas expectativas?Creio que sim. Era um curso extremamente teórico, mas os professores das cadeiras básicas, que eramLuiz de Barros Freire, Newton Maia e João Holmes Sobrinho, estavam um pouco defasados; indicavamlivros franceses — nesse tempo era natural saber francês — ainda do começo do século. Freire era umapessoa com uma visão mais ampla; foi um dos fundadores do Conselho Nacional de Pesquisas, eramuito amigo de Lélio Gama — aliás, foi o próprio Freire quem facilitou minha saída de Recife paraexperimentar outros ares. Mas a verdade é que foi extraordinário o que aquelas pessoas realizaram; nãofaziam pesquisa, mas tinham uma certa cultura, transmitiam um certo amor. Tive sorte, porque aprendifrancês e inglês ainda no ginásio. Francês era natural, dada a influência na cultura e nas ciências —praticamente todos os livros técnicos eram em francês. Mas inglês aprendi de teimoso. Certo dia,fiz uma redação em inglês que considerava boa, mas o professor me deu três; fiquei muito irritado elhe disse que antes do fim do ano tiraria dez. Por causa disso, comecei a ler textos inteiros em inglês edecorar. Arranjei uma maneira de aprender decorando textos inteiros, e aos poucos a língua foi soltando.Antes do fim do ano tirei dez, como tinha prometido. Contribuiu muito o fato de haver na cidade umexcelente professor de inglês. Eu não tinha dinheiro para freqüentar suas aulas, mas sua sala ficavaum pouco alta em relação à rua, e havia uma varandinha; eu ficava encostado na parede embaixo,escondido num canto, ouvindo as aulas. Ele tinha uma pronúncia ótima e adotava um livro muito bomde conversação inglesa; consegui o livro, ficava lendo e ouvindo. Quando entrei para a universidade,também sabia falar inglês.O senhor trabalhou durante o curso?Só no último ano, na Vila Militar, que ficava perto da Escola; fui assistente de engenharia para aconstrução de muros de arrimo. Mas não cheguei a exercer a profissão de engenheiro. Até o terceiroano, minha família enviava recursos para me manter em Recife. Era apertado. No começo do mês, davapara comer fora; do meio do mês em diante tinha que comer na pensão, bom ou ruim. Não tinha jeito.E tinha que decidir se ia comprar livros ou ia ao teatro. Era uma vida apertada, mas dava para levar.Professor da Universidade de RecifeComo se compunha o currículo da Escola de Engenharia?200

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