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IMPA 50 Anos

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A “matematização” da economiaAo surgir em 1952, o <strong>IMPA</strong> já se chamava Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Até hoje existe uma discussãosobre essa divisão. Qual é sua visão a respeito?Essa é uma discussão longa e complexa. O principal representante dessa corrente da matemática pura éGodfrey Hardy, um matemático inglês. E isso foi marcante na matemática mundial, a partir da décadade 30. Muita gente gostou dessa distinção por duas razões diferentes; primeiro, porque achavam quematemática pura é melhor, é uma busca da verdade, e que a outra matemática decorre dessa. Segundo,porque não queriam estar associados, por exemplo, à construção da bomba atômica: “Minhamatemática é pura, nunca vai ser usada para fins bélicos.” Isso porque John von Neumann, StanislawUlam, matemáticos de renome, participaram do Projeto Manhattan, de construção da bomba. E outrosmatemáticos repudiaram essa participação. Mas em outros países como a Rússia, por exemplo, os matemáticosaplicados sempre tiveram muito prestígio. Andrei Kolmogorov, que reputo como o melhormatemático do século XX — é probabilista; eu o conheci na Rússia, num congresso —, tinha um grupode Equações Diferenciais; havia outro grupo ligado à física. . . O próprio Von Neumann fez também economiamatemática de altíssima qualidade, além de coisas de matemática pura, depois fez computaçãocom matemática. Henri Poincaré, excelente matemático, pai de todo o Sistema Dinâmico moderno, faziafísica matemática. Nos séculos anteriores, então, nem se fala, o desenvolvimento da matemática vinhamuito associado às aplicações; no século XX é que houve alguma separação entre matemáticos. Quantoa mim, comecei com essa inquietação de fazer alguma coisa socialmente relevante, talvez inicialmenteaté através de planejamento econômico, visão dominante naquela época. Em Berkeley, trabalhei intensamenteem Probabilidade, mas fiquei bastante dividido, porque gostei muito de Geometria de Espaçode Banach misturada com Probabilidade; escrevi um livro que teve bastante repercussão e até hoje émuito utilizado, Probabilidade em Espaço de Banach.Seu doutorado foi nessa área?Sim, na área de Geometria de Espaço de Banach misturada com Probabilidade, que tem aplicações emestatística. Fiz o doutorado e trabalhei vários anos nessa área. Mas em Berkeley entrei em contatotambém com Debreu; com George Akerlof, que acabou de ganhar o Prêmio Nobel; Daniel McFadden,estatístico, econometrista que ganhou o Nobel ano passado; Andreu Mas-Colell, que tinha tido umatrajetória parecida com a minha, veio de economia, da Espanha, e atualmente tem o melhor livro demicroeconomia; ele me ajudou nessa passagem para a economia matemática. Ou seja, nessa segundaetapa eu não via mais a economia como planejamento social, mas sim como entendimento dos fenômenoseconômicos de um país, o que se encaixava muito na minha cabeça com a idéia de fazer ciência no Brasil,e uma ciência que tivesse muita aplicação. A economia brasileira estava muito atrasada porqueveio mais do direito; era mais verbal, desassociada da pesquisa. A matemática entrou na economia porvários ângulos. Às vezes estão os liberais acusando os mais intervencionistas, às vezes os intervencionistasacusando os mais liberais, de usar a matemática demais. Essa é uma das várias dimensões que6

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